No dia 9 de janeiro, chega aos cinemas brasileiros o filme “12.12: O DIA”, com distribuição da SATO Company. Selecionado pela Coreia do Sul para representar o país no Oscar 2025, o filme foi a maior bilheteria coreana de 2023 e retrata um capítulo importante da história do país que dialoga com debates políticos atuais.
Digirido por Kim Sung-soo, o longa recria os eventos da noite de 12 de dezembro de 1979, quando o assassinato do presidente Park levou à declaração de Lei Marcial e desencadeou um golpe militar. O comandante Chun Doo-gwang (interpretado por Hwang Jung-min), motivado por sua ambição desenfreada, lidera um grupo de oficiais em uma tentativa de tomar o poder. Do outro lado, o comandante Lee Tae-shin (vivido por Jung Woo-sung) tenta impedir que o exército seja usado para fins políticos.
Essa é a primeira vez que esse golpe militar é retratado no cinema de ficção. O diretor Kim Sung-soo, de filmes como “Asura: The City of Madness” e “The Flu”, destaca que a produção combina história com elementos ficcionais para capturar a intensidade da época. “Quis transportar o público para aquela noite fria e tensa, mostrando as escolhas e dilemas de quem viveu esse evento tão marcante”, afirma.
Kim também compartilha que sua conexão com a história é pessoal, já que presenciou os eventos de 1979 quando tinha 19 anos. “Passei mais de 20 minutos respirando o ar frio daquela noite de inverno, ouvindo os sons de tiros que reverberam pelo céu. Foi uma experiência assustadora, mas repleta de curiosidade. Sempre me perguntei: quem estava lutando contra quem, e por quê?”.
O filme traz no elenco nomes como Lee Sung-min, Park Hae-joon e Kim Sung-kyun. Jung Hae-in, estrela da série “Love Next Door”, da Netflix, estará no Brasil no dia 12 de janeiro para uma fan meeting.
Além de sua relevância cinematográfica, o longa ganha destaque por suas conexões com o cenário atual da política coreana. Em um momento em que o país enfrenta novamente a imposição de lei marcial, o fechamento do parlamento e restrições à imprensa, 12.12: O DIA ganha força ao recriar o golpe de 1979 e dialogar diretamente com as questões contemporâneas.
A produção de 12.12: O DIA buscou recriar, de forma minuciosa, os detalhes históricos de 1979 e locações como o Bunker B2 no Quartel-General do Exército, a sala de comando do Grupo de Segurança da 30ª Divisão e ruas de Seul. Para fazer isso, a equipe utilizou uma combinação de arquivos históricos, fotografias e consultores militares.
Além disso, os cenários foram projetados para refletir os dilemas e conflitos dos personagens. Espaços como o escritório do Comandante Chun Doo-gwang, com uma combinação de vermelho e azul, representam a ambição e a ganância do líder rebelde. Já o ambiente do Comandante Lee Tae-shin, cercado por paredes de vidro, simboliza tanto sua vigilância quanto o isolamento em sua luta contra o golpe. Locais como o Bunker B2, que exigiu dois meses para ser construído, misturam elementos reais e computação gráfica, para garantir ao público uma imersão em uma das noites mais tensas da história moderna coreana.