Baseado em fatos reais, “A noite do dia 12” é um filme comprometido e sensível, que instiga o espectador e traz reflexões e desperta a curiosidade.
Vencedor de 6 prêmios César, o longa francês conta a trajetória da investigação de um assassinato, com diversos suspeitos, mas nenhum culpado aparente.
O ponto central do filme é que a suspeita geral é de que o crime tenha sido um feminicídio, fruto das relações complexas de Clara, uma jovem que foi brutalmente incendiada viva. Quando se inicia a investigação dos culpados e da motivação por trás desse assassinato, cada vez mais se percebe o quanto os homens no convivio de Clara poderiam facilmente qualquer um deles serem o suspeito, pela forma que tratam e se referem à moça.
O filme é um óbvio retrato de tudo que mulheres assassinadas passam, como elas são vistas em vida e morte e a humilhação que não acaba nem mesmo quando a sua vida já acabou.
A misoginia e o machismo são retratados de maneira realista e profunda, com o depoimento dos homens que poderiam ter assassinado Clara. A cada depoimento mais difícil fica de identificar quem é mais fácil de ser um possível culpado, pois todos nutriam sentimentos repulsivos e desumanos por ela pelo simples fato de ser uma mulher livre e que vivia sua vida.
O filme mostra como cada vez que uma mulher é assassinada, ela é culpabilizada e desumanizada, rebaixada a níveis grotescos e tem sua imagem assimilada a ações de vulgaridade.
Não é atoa que o filme ganhou tantos prêmios importantes, uma vez que trata de um tema tão sensível de uma forma tão delicada e profunda, e ainda não deixando a desejar em conceitos mais técnicos, como som, atuação e direção
Se você é espectador de mente e coração aberto, a experiência de assistir a essa obra provavelmente irá te agradar muito.