ter, 5 novembro 2024

Crítica | Run Rabbit Run

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O novo projeto da Netflix é protagonizado por Sarah Snook, nossa eterna Shiv Roy (Succession), e esse é o único motivo que justifica sua entrada para os mais assistidos da semana no letterboxd. Isso porque, com exceção de uma atriz popular, o longa não tem absolutamente nada a oferecer, são 1 hora e 40 minutos tão cheios de coisa nenhuma que nem sequer são interessantes o suficiente para provocar um debate negativo. Trata-se apenas de mais uma adição para encher catálogo de streaming, sem qualquer zelo com a qualidade.

A narrativa acompanha Sarah e sua filha Mia, após a perda de um familiar querido, quando repentinamente a garota tem uma súbita mudança comportamental e começa a questionar sua verdadeira identidade, bem como questões relacionadas à possibilidade de vida após a morte. E se essa sinopse parece interessante, não se deixe enganar, pois a diretora Diana Reid consegue a proeza de contar essa história da forma mais monótona possível.

O filme dá várias voltas sem jamais sair do lugar, durante a primeira hora e dez minutos absolutamente nada acontece, e não porque a narrativa adota um ritmo mais lento propositalmente, mas sim porque sua realizadora não tem nenhuma habilidade de storytelling.

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O argumento inicial abre possibilidade para a discussão de temas sensíveis, mas o filme não explora nenhum deles, ao invés, repete os mesmos diálogos entre mãe e filha, sem chega a lugar algum, guardando qualquer acontecimento “relevante” para o final. O problema é que quando chega o desfecho, o público dificilmente ainda estará interessado.

Se falha ao desenvolver suas questões dramáticas, também não logra êxito quando pende para o terror, não há tensão e nem a criança agindo de maneira esquisita é capaz de causar medo, angústia ou aflição. No último ato ainda apela para algumas cenas de alucinação que além de clichês são, também, mal executadas.

O mistério, que nem chega a ser propriamente um mistério, não empolga, não desperta curiosidade e é possível antever todas as respostas, não graças a um bom sistema de pistas e recompensas que permite ao espectador desvendar o “enigma”, apenas porque é tudo feito da forma mais óbvia possível.

Como nada é tão ruim que não possa piorar, o filme, além de tudo, é feio, as cenas são mal iluminadas, tornando difícil enxergar algumas passagens e, mais uma vez, isso não é feito de forma intencional para esconder algo e revelar posteriormente ou para ajudar na ambientação, é apenas uma fotografia ruim e escura. O tom acinzentado também não funciona, visto que não acrescenta em nada e só deixa o longa ainda mais precário visualmente.

Não há sequer um take memorável, uma cena que se destaque, a experiência é morna e pouco recompensadora. Esse filme, como muitos descartes de streaming, sofre do pior mal que pode acometer uma obra de arte, ser esquecível.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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