sáb, 28 setembro 2024

Crítica | David Contra os Bancos

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Baseado (ou quase, como o próprio filme afirma) numa história real, David Contra os Bancos (Bank of Dave) narra a trajetória do empresário idealista Dave Fishwick (Rory Kinnear), proprietário de uma empresa de vans na pequena cidade de Burnley, que decidiu lutar contra o sistema e abrir seu próprio banco para ajudar sua comunidade.

Saber o porquê de ter vindo ao mundo (ou, pelo menos, para as salas de cinema ou plataformas de streaming) é essencial para qualquer filme que deseja se desenvolver e entregar, ao menos, o que veio prometendo ou, caso a ousadia e competência da equipe de produção seja concretizada, ir mais além. Do mais simples ou despretensioso até o projeto com mais ambição e investimento, entender o sentido da sua existência é um diferencial. David Contra os Bancos (Bank of Dave), produção inglesa que navega entre o básico e necessidade de ser mais por demonstrar ter voz e cacife para o tal, é um grato exemplo de como o autoconhecimento ao longo do seu desenrolar é relevante para a conquista de um resultado positivo.

Temperada na medida certa com altas doses de Rock N’ Roll, mensagens de resiliência e críticas bem construídas e distribuídas ao longo da trama contra a soberba de instituições financeiras de grande porte, David Contra os Bancos encanta por funcionar tanto como uma comédia despretensiosa como uma cinebiografia bem construída de uma figura pouco conhecida, mas de grande importância para a sua comunidade e também para pequenos empresários que sonham crescer em um mundo burocrático, onde lobos devoram cordeiros. Assinado por Piers Ashworth (Música a Bordo), o roteiro de fato adapta a história real de Dave Fishwick e sua luta contra a elite das autoridades financeiras sediadas em Londres a conceder-lhe uma nova licença bancária, o que não acontecia há 150 anos, como também foca em dramas pessoais à princípio inseridos aleatoriamente à trama, o que gera uma certa estranheza, mas que, com o tempo, passa a estabelecer um casamento com a premissa, ainda mais quando levamos em conta que o protagonismo da produção se divide entre o empresário Dave e o advogado Hugh (Joel Fry).

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O tom melodramático aplicado à trama, que se desenvolve na incansável luta de Dave e Hugh para superar as entidades empresariais responsáveis pelos grandes bancos da Inglaterra é dividida com os obstáculos pessoais encarados pelos protagonistas. De um lado, Dave, de fato benevolente, almeja ajudar os moradores de sua pacata cidade, mas sofre com a falta de investimento. Do outro, Hugh vem descobrindo a ganância e perversidade dentro do meio profissional que decidiu seguir, percebendo também que tudo que o faz sentir-se melhor está na pequena Burnley. Tudo isso é aplicado à trama de maneira sutil, sem grandes estardalhaços ou peripécias narrativas, comprovando que David Contra os Bancos é um filme de conforto muito bem vindo.

Imagem: Reprodução

Chris Foggin, que está acostumado com a condução de filmes leves, como Um Natal Improvável (This os Christmas, 2022), não encara David Contra os Bancos como um desafio, justamente por essa também se tratar de uma produção familiar e descontraída. Técnicas chamativas de direção são trocadas por uma fotografia mais centralizada e fechada, que valoriza os atores em cena, o que funciona para a proposta do longa. As sequências de karaokê no pub de Burnley e o show da cultuada banda de rock Def Leppard (que, de fato, fez uma apresentação digna para o filme), são bem filmadas e valorizam o gosto dos britânicos pelo rock n’ roll inglês. O maior desafio de Foggin, na verdade, foi na direção do grande ele com do filme: Rory Kinnear e Joel Fry dão o melhor de si nas personalidades de Dave e Hugh, respectivamente, esbanjando simpatia e carisma. Phoebe Dynevor, Angus Wright e Hugh Bonneville também desempenham performances louváveis, principalmente Dynevor que é altamente carismática.

Simples, mas longe de ser simplório, David Contra os Bancos aproveita para discutir também, com um belo tom crítico, como pequenos negócios podem fazer a diferença e como grandes corporações devem dar novas oportunidades. O discurso pode parecer raso, mas compreendendo todo o contexto da história, funciona. Aliás, o longa como um todo funciona pois reconhece sua finalidade: relatar um caso real com descontração e extrair dela uma história comovente, inspiradora e divertida.

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