sex, 4 julho 2025

Crítica | O Monstro que Vive em Mim

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Em 2021 foi lançado um curta de terror estrelando Rachel Sennott sobre uma mulher cuja ansiedade se materializa na forma de um monstro, após considerável burburinho na internet, o curta de seis minutos foi transformado em longa-metragem, dessa vez, sem a presença de Sennott, infelizmente. O filme já pode ser conferido no Star+.

Com fortes inspirações em Malignant e Basket Case, o projeto até tinha uma ideia base promissora, no entanto, acaba se tornando mais um caso de premissa interessante e mal aproveitada. Primeiro porque nem sequer sabe o que é ou o que quer ser, nos vinte minutos iniciais parece querer ser um terror psicológico, depois se enverga para o lado do body horror – momento em que se torna mais interessante – e no final desiste de tudo isso e apela para um plot twist previsível, aborrecido e com um ar novelesco que não combina com o tom apresentado nas primeiras cenas do filme. A impressão é a de estar assistindo um trabalho de faculdade, no qual cada aluno ficou responsável por fazer uma parte e na véspera da entrega juntaram tudo de qualquer jeito.

O filme até tem seus bons momentos, principalmente quando não tem vergonha de se assumir como terror. A diretora estreante, Anna Zlokovic, sabe como criar momentos de desconforto – a exemplo da cena de abertura – e tem potencial para transitar em diferentes áreas do gênero. A construção da criatura – ao menos a princípio – é muito bem-feita e tem um ar meio camp que se fosse mais explorado tornaria o projeto ao menos divertido.

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Os problemas aparecem quando ela tenta, sem nenhum sucesso, trabalhar o drama ou desenvolver personagens. Os traumas pessoais dos coadjuvantes são jogados aleatoriamente como se colocar alguém, aleatoriamente, contando sobre a morte de sua mãe após uma batalha contra o câncer bastasse para lhe dar profundidade. É mais um daqueles casos de filmes que tentam convencer o público de que “apesar” de ser terror, não é “” isso, tem algo a mais para oferecer, como se houvesse algum demérito em se assumir apenas como uma obra de gênero, sendo que quando tenta desenvolver seu lado dramático, falha miseravelmente.

Divulgação | Hulu

O filme também sofre da síndrome de se achar mais inteligente do que de fato é. Usar monstros literais como metáfora para tratar sobre eventos traumáticos ou transtornos mentais é algo comum no cinema de horror e já rendeu obras memoráveis como Babadook e The Haunting of Hill House, isso porque seus autores sabem se aproveitar das representações criadas e conseguem estruturar tanto o terror quanto os dramas pessoais, fazendo com que as referências aos traumas sejam compreensíveis sem serem óbvias. Em Appendage, por outro, a diretora entende que a metáfora por si só basta para tornar sua obra “elevada” (um termo péssimo, mas elucidativo do que se pretende fazer aqui) e, além de tudo, não tem convicção na força de seus simbolismos e opta por mastigar tudo para o espectador.

Da metade do segundo ato até o final do terceiro, o filme se descamba de vez quando perde a confiança na premissa curiosa que havia apresentado. A partir daí, é só dialogo expositivo, subtrama qualquer coisa para justificar a duração de um longa-metragem e reviravoltas que não subvertem, não surpreendem e não entretêm. O argumento inicial é completamente descartado, o horror é deixado de escanteio e até as alegorias metafóricas são substituídas para dar lugar a uma narrativa que não poderia ser menos envolvente.     

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Existia um bom filme perdido no meio desse emaranhado de ideias e espero que um dia ele chegue a ser feito, enquanto isso, é preciso avaliar aquilo que foi de fato apresentado e, nesse caso, o resultado final não foi dos melhores.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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