sex, 22 novembro 2024

Crítica | Patos!

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Em Patos! (Migration), nova animação da Illumination que estreia nestas férias, uma família de aves aquáticas que vive confinada em um pequeno lago na Nova Inglaterra decide deixar a zona de conforto para se aventurar na Jamaica. No entanto, seus planos são frustrados quando eles se perdem e acabam na cidade de Nova York.

Há mais de uma década, a Illumination Entertainment provou ser um concorrente de peso de grandes estúdios de animação, como a Disney e a DreamWorks, mostrando o quão importante é apostar na simplicidade de sua história, personagens carismáticos e bom humor para conquistar o público, sem esbanjar excessos e artifícios narrativos e técnicos, para adquirir o sucesso. Meu Malvado Favorito (2010) parte de uma filosofia de “menos é mais” onde o simples nega ser simplório e procura entregar entretenimento de qualidade, mesmo sabendo que, em teoria, não está próximo da concorrência em matéria de perfeição estética e criativa. A verdade é que a Illumination não precisa se encaixar em padrões de qualidade, pois esse é um estúdio que tanto sabe fazer bom uso de velhos clichês a ponto de fazê-los funcionar como também está sempre disposto a criar histórias, situações e personagens inéditos. Agora em Patos! (Migration), que chegará aos cinemas em janeiro do próximo ano, o estúdio repete sem medo sua inusitada fórmula de sucesso, que surtiu um efeito bilionário em 2023 com Super Mario Bros.: O Filme, e entrega nada além de uma genuína diversão em família.

A concepção de personagens carismáticos e divertidos, sem a necessidade de apresentar diversas camadas para serem complexos, é uma das marcas registradas da Illumination. Em Patos!, isso não é diferente. Temos aqui uma caricata, porém divertida, família de protagonistas que esbanjam carisma e despertam no público uma curiosidade e preocupação quanto a sua jornada. Em momentâneos lapsos de complexidade narrativa, o roteiro de Mike White, que tem a colaboração do diretor Benjamin Renner, tentam inserir dilemas morais envolvendo os personagens, o que é bem empregado na trama, porém não chega a ser explorado, além de reflexões a respeito da importância de deixar a zona de conforto e de abrir os olhos para o mundo. Essas lições, que não devem funcionar com o público mais velho e exigente, que foi bem servido com essa temática em outras produções animadas, podem, ao menos, influenciar positivamente as criança, que são o público alvo de Patos!.

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Imagem: Universal Pictures/Illumination Entertainmemt

Mesmo não sendo original, é perceptível em Patos! uma abordagem de viagem em família tendo em vista o reino animal, sobretudo na visão dos pássaros, tal como já vimos em animações como Rio e Rio 2, da extinta Blue Sky. Ao utilizar de velhos clichês de filmes de animação que abordam uma sociedade organizada de animais com inúmeras referências à modernidade e até à cultura pop, a animação consegue driblar a mesmice e tornar essas repetições satisfatoriamente divertidas com o auxílio dos seus protagonistas e personagens secundários.

Formada pelo patriarca superprotetor Mack (voz original de Kumail Nanjiani), a mãe esperançosa e aventureira Pam (Elizabeth Banks), o sarcástico tio Dan (Danny DeVitto) e os espirituosos filhos Dax (Caspar Jennings) e Gwen (Tresi Gazal), a família Mallard protagoniza essa aventura com bastante personalidade, conseguindo superar até mesmo os inesperados destaques dos coadjuvantes, que, com exceção da icônica pomba Chump (que tem a voz original de Awkwafina), pouco importam aqui.

Na versão brasileira, a dublagem é destacada por um inusitado elenco Star Talent que conta com trabalhos surpreendentes de Ary Fontoura, Cláudia Raia, Dani Suzuki, além de uma participação especial do chef Henrique Fogaça, que empresta grunhidos de raiva para um vilão que também é chef de cozinha.

Imagem: Universal Pictures/Illumination Entertainmemt

Visualmente bonita e detalhada na medida certa, sem excessos de realismo que quebram o encanto caricato proposto pela produção, a animação de Patos! também se destaca pelo belo colorido e por sequências de voo bem trabalhadas, que até conseguem atribuir adrenalina às sequências de ação, caracterizadas também por ótimos momentos cartunescos que são essenciais para explorar a criatividade de um longa animado.

Simples, bem humorado e comprometido com o entretenimento familiar nesses meses de férias, Patos! é uma boa maneira de começar o ano cinematográfico de animação de 2024. Lembrando que, antes da sessão, há o hilário curta-metragem Mooned, que mostra o icônico vilão de “Meu Malvado Favorito”, o Vector, tentando escapar da Lua.

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Destaque

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