A franquia Meu Malvado Favorito é um verdadeiro fenômeno de público e bilheteria. Gru e os Minions, em cinco filmes, já arrecadaram US$ 4,6 bilhões de dólares e devem aumentar esse valor com o lançamento de Meu Malvado Favorito 4. O sucesso veio com uma trama fechadinha, repleta de bom humor e, principalmente, devido ao carisma dos personagens principais da história. A nova aventura mostra Gru dando as boas-vindas a um novo membro da família, Gru Jr., um bebê que pretende atormentar seu pai. No entanto, sua existência pacífica logo desmorona quando um mentor do crime escapa da prisão e jura vingança contra o ex-vilão.
Em cinco minutos o filme já mostra que a nova aventura está abaixo, no quesito qualidade, das anteriores. O motivo disso? A falta de coesão em tudo que é apresentado a partir dessa cena: o vilão do novo filme surge (ele é o mais fraco de toda franquia), acaba preso e jura vingança ao protagonista, por causa de algo que aconteceu no passado. Mas o que ele fez para merecer ser preso? Nada disso é citado ou mostrado durante todo o filme. A única coisa revelada é o que aconteceu no passado, e essa situação é uma das coisas mais bobas que poderiam ser usadas como justificativa para uma rixa. Se o vilão não empolga, a família de Gru e os Minions vão acabar carregando o filme nas costas. Certo? Para nosso azar, nem eles salvam a produção do lugar comum.
A direção de Chris Renaud (Pets: A Vida Secreta dos Bichos) e Patrick Delage (Um Monstro em Paris) seguem cegamente as coordenadas do roteiro da dupla Ken Daurio (Schmigadoon!) e Mike White (Escola de Rock) que resolveu fragmentar a trama em núcleos, afim de dar espaço aos personagens. Temos Lucy e as meninas, os Minions e a AVL, Gru e o restante da família em uma missão, e o vilão. O problema é que essa divisão não leva a trama a lugar nenhum. Com isso, o filme é transformando em uma série de curtas que no fim são forçados a se unirem em um desfecho extremamente sem sentido.
O trecho focado em Lucy e as meninas, possui algumas referências bacanas a clássicos do cinema, mas eles nunca empolgam. O trecho dedicado aos Minions na sede da AVL usa o conceito de super-heróis e diverte com as trapalhadas da trupe. O problema é que depois disso os personagens desaparecem do filme, aparecendo apenas no fim. Se os Minions funcionavam bem como válvula de escape nos filmes anteriores aqui eles nem essa função conseguem efetuar por falta de espaço. Já o arco focado em Gru e seu filho não é desenvolvido bem, pois a trama resolve inserir uma personagem que acaba tomando boa parte da trama. Mesmo assim, esse é o arco melhor desenvolvido entre todos os criados. Para que Poppy (nova personagem do filme) tenha espaço, a relação entre Gru e seu filho (que deveria ser o fio narrativo dessa aventura) acaba perdendo espaço. Quanto ao vilão ele aparece aqui e ali dizendo que fará muitas maldades, explica seu plano e desaparece surgindo no ato final, para passar vergonha.
As piadas que antes funcionavam para adulto e crianças, dessa vez se reduzem ao humor físico e devem agradar apenas a criançada. Quanto a animação a direção acerta ao construir uma trama movimentada e colorida que tem um ótimo design, o que agrega a franquia, que na qualidade técnica só melhora. O mesmo se pode falar sobre a dublagem nacional, que mais uma vez dá show.
Meu Malvado Favorito 4 é um filme mais do mesmo e nem a presença do Baby Gru melhora a narrativa, que para compensar a falta de foco na sua história atira pra todos os lados afim de entreter o espectador. Ao menos os pequenos vão curtir o novo filme.