sex, 22 novembro 2024

Crítica | A Música Natureza de Léa Freire

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O documentário relembra a vida e a jornada musical de uma das maiores flautistas e compositoras da música brasileira, Léa Freire, através de retratos fotográficos, arquivos de vídeos e entrevistas com amigos próximos e colabores de longa data intercalados com apresentações musicais de seus grandes sucessos.

O filme conta seu início na vida da música, como passou a se interessar por música “erudita” ao mesmo tempo que contou com a paciência de uma professora de piano que lhe permitia experimentar com as melodias e improvisar sons, até ingressar, aos 16 anos, no Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM), onde é apresentada aos membros do Zimbo Trio e passa a marcar presença no cenário musical da cidade de São Paulo, onde começa a trilhar os caminhos de sua futura carreira.

Hoje uma mulher adulta e bem-sucedida, Léa recorda-se dos tempos de juventude quando trabalhava longas horas, sete dias por semana, para tentar aprender o máximo que conseguisse sobre música e se apresentar sempre que possível, apesar da jornada exaustiva, fica evidente pelo sorriso em seu rosto que as memórias pertencem a alguém que amava aquilo que fazia e as lembranças são ternas. Ela também reconta a história de uma viagem para Nova York, na qual ela sentava-se do lado de fora dos bares de Jazz, pois não tinha dinheiro suficiente para assistir a todas as apresentações, mas não queria perder a experiência de escutar e aprender com aqueles talentos.

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Ela também compartilha como foram dolorosos os onze anos que passou sem trabalhar com música, chegando a adoecer, até que, após ser orientada por um médico para voltar aos palcos, ela decide se dedicar novamente à sua paixão e utiliza a experiência que acumulou enquanto trabalhava como diretora financeira para abrir uma gravadora musical, a Maritaca. Nesse mesmo ano, ela grava seu primeiro disco, contando com a colaboração de seus amigos músicos.

Amigos esses que também aparecem em diversos momentos do filme para complementar os relatos de Léa, compartilhando memórias sobre como influenciaram e foram influenciados por ela, durante os anos de parceria, amizade e companheirismo, seja através de shows, colaborações profissionais e até mesmo o relato de uma mulher que lhe deu moradia quando foi expulsa de casa pelos pais. Se através das falas de Léa é possível perceber o amor que ela sente – e sempre sentiu – pela música, os depoimentos de seus parceiros musicais, por sua vez, evidenciam que essa paixão era compartilhada entre todas aquelas pessoas e existia um fluxo de aprendizado mútuo.

Para evitar se tornar maçante e excessivamente explicativo, o diretor aposta em um formato mais solto, intercalando essas entrevistas com performances das músicas de Léa, tocadas vezes por ela, vezes por alguns dos outros músicos. Dessa forma, o documentário consegue fugir do que possivelmente o tornaria monótono, ao mesmo tempo que imprime alma e poesia nos relatos narrados e faz com que o público também se apaixone um pouco por aquele mundo da música. As composições tão belas quanto a história de vida sendo contada conduzem uma narrativa bonita pela qual é fácil de se interessar, ainda que você não tenha muitos – ou quaisquer – conhecimentos prévios sobre a mulher que dá título ao filme. Ainda que trate de um assunto de nicho, o diretor consegue tornar a experiência não restritiva.

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Destaque

Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
O documentário relembra a vida e a jornada musical de uma das maiores flautistas e compositoras da música brasileira, Léa Freire, através de retratos fotográficos, arquivos de vídeos e entrevistas com amigos próximos e colabores de longa data intercalados com apresentações musicais de seus...Crítica | A Música Natureza de Léa Freire