qui, 19 setembro 2024

Crítica | Manual de Assassinato para Boas Garotas

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De 13 Reasons Why a Cruel Summer e às várias versões de Pretty Little Liars, mistérios centrados em garotas adolescentes encontraram seu próprio espaço na televisão. Manual de Assassinato para Boas Garotas, baseada no primeiro livro da série best-seller de Holly Jackson, é o mais recente thriller a explorar temas como raiva, obsessão e abuso sexual sob a perspectiva de jovens. Seguindo os passos de Geek Girl, também da Netflix, essa nova adaptação da BBC foi traduzida para a tela por Poppy Cogan e dirigida por Dolly Wells.

A história segue Pip Fitz-Amobi (Emma Myers), uma adolescente determinada a resolver um crime que abalou sua cidade cinco anos antes: o desaparecimento de Andie Bell (India Lillie Davies). O namorado de Andie, Sal (Rahul Pattni), confessou o crime antes de morrer por suicídio. Pip se une a Ravi (Zain Iqbal), irmão de Sal, que deseja provar a inocência do irmão, enquanto o relacionamento de Sal e Andie revela uma teia de segredos.

Divulgação/Netflix

No entanto, por mais que Manual de Assassinato para Boas Garotas tente ser um drama envolvente, ela esbarra em falhas narrativas e de desenvolvimento de personagens que minam seu potencial. Um dos problemas centrais é que a motivação de Pip para conduzir a investigação não é bem explorada. A série simplesmente não oferece uma explicação convincente sobre o porquê de Pip estar tão envolvida nesse caso, além de usar a justificativa de que Sal era um “cara legal”, o que frequentemente parece uma convicção ingênua, já que eles mal se conheciam. Como a melhor amiga de Pip, Cara (Asha Banks), retruca na primeira vez que essa desculpa esfarrapada é vendida: “caras legais são capazes de fazer coisas ruins”, como a história provou várias vezes.

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Além disso, é confuso como as pessoas envolvidas no caso aceitam prontamente ser entrevistadas por Pip. Apesar de suas perguntas impertinentes, elas estão dispostas a compartilhar informações que esconderam da polícia por cinco anos. Isso levanta a questão: o que há em Pip que faz com que essas pessoas confiem nela?  “Ninguém vai se incomodar com uma aluna fazendo um projeto”, Pip diz a seus amigos — exceto que praticamente todos os notáveis ​​no caso estão aparentemente loucos para falar com ela, e um mensageiro anônimo se sente ameaçado o suficiente para exigir que ela pare.

Divulgação/Netflix

Embora a série tente inserir uma crítica social ao abordar questões de poder e privilégio, especialmente com relação à diferença de tratamento entre a família de Sal e Pip, essas questões são tratadas superficialmente e acabam soando como mera sinalização de virtude. O foco excessivo na personalidade “boazinha” de Pip também não contribui para o desenvolvimento de uma protagonista interessante. A inocência não impede que alguém tenha personalidade, mas impede neste caso, onde a existência protegida de Pip é demonstrada principalmente por ela parecer constantemente à beira das lágrimas e não ter interesses reais próprios fora do caso.

A série tenta ser uma aventura leve de detetive, mas o tom é frequentemente inadequado para a seriedade do tema, especialmente nos episódios finais. A trilha sonora com escolhas musicais modernas e as interações entre Pip e Ravi parecem divorciadas do contexto mais sombrio da história.

Em resumo, Manual de Assassinato para Boas Garotas é uma série que, apesar de ser adaptada de um livro popular, não consegue alcançar o potencial esperado. Embora esteja no Top 10 da Netflix, é provável que seja rapidamente esquecida por não oferecer algo verdadeiramente cativante, original ou memorável.

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