ter, 26 novembro 2024

Crítica | O Senhor dos Mortos

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A ideia inicial dessa história na verdade ser uma série cancelada da Netflix explica muita coisa sobre o material encontrado aqui. O Senhor dos Mortos, novo longa do Cronenberg evidencia bem uma boa ideia inicial que vai se perdendo e tornando cansativo conforme o filme se conclui. Ele apresenta um fator interessante e ao melhor estilo Cronenberg de ser ao falar sobre luto e a dificuldade de seguir em frente, porém o filme peca aí inserir outras subtramas que bagunçam o filme de uma maneira geral.

Trata-se de uma invenção revolucionária idealizada por Karsh (Vincent Cassel), um cinquentão inconsolável desde a morte da sua mulher (Diane Kruger). A história é, na verdade, a do próprio David Cronenberg, que explica que nunca recuperou da morte da sua mulher, falecida em 2017.

Logo em seu início o filme mostra seu melhor lado, a justa mistura desse tom mórbido de seu humor, dos personagens tratando diversas coisas da maneira mais normal possível. E também um casamento desse tom com essa ideia interessante quanto a dificuldade de Karsh em superar a morte da esposa, e ele acabar transparecendo isso para seu cemitério, de modo que seus clientes conseguem por meio de uma tecnologia enxergar por meio da câmera 8k seus entre queridos no estado de decomposição. Esse conceito combina totalmente com o gosto do diretor e em seu início isso apresenta um lado psicológico bacana de se ver, porém conforme o filme avança ele vai se perdendo em outras ideias pra lá de perdidas.

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Divulgação/ Cahiers du Cinema

O longa apresenta narrativas envolvendo conspirações absurdas, tramas envolvendo ciúmes e adulteração. Essas “pataquadas” diminuem muito o caráter mórbido do filme e o transformam em uma ridicularização de tudo que estava sendo construído. Parece que tinham várias ideias e colocaram tudo junto e misturado em um filme de duas horas. Algo que funcionaria em uma série de tv, acaba que desandando e tornando o filme bem monótono do meio pro final.

E o filme apresenta uma boa trilha agora acompanhar a esquisitice e sensação da morte, porém algumas escolhas bizarras quanto diálogos expositivos se tornam lamentáveis. Exemplo disso é a cena da irmã da ex-esposa do protagonista falar e repetir diversas frases que resumem o estado do relacionamento com ele que já estavam definidas naquele momentos do filme, não precisava algo verborrágico para o telespectador. Essa esquisitice toda é acompanhada até de um comercial aleatório para o Tesla, uma cena gratuita do protagonista dirigindo, servindo em nada para a trama.

Diante toda a grandeza e força que o diretor já apresentou em sua filmografia, o resultado aqui é frustrante. Texto fraco, história perdida. As atuações acabam que salvando grande parte do filme devido a boa vontade dos atores. Uma pena.

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