sex, 25 outubro 2024

Crítica | Oeste Outra Vez

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Uma das coisas mais interessantes de Oeste Outra Vez, é justamente sua desconstrução sobre o gênero, exibindo de forma praticamente patética aqueles homens resolvendo o grande problema que origina os eventuais conflitos. Tudo isso causado por uma briga entre dois homens por conta da paixão sobre uma única mulher, e assim, causando toda uma infantilidade refletia sobre uma resposta violenta.

No sertão de Goiás, homens rudes e incapazes de lidar com suas próprias fragilidades são constantemente abandonados pelas mulheres que amam. Tristes e amargurados, eles se voltam violentamente uns contra os outros.

Os personagens Toto e Durval buscam pistoleiros (ou seriam capangas?) para resolverem seus problemas por meio do ato de matar. Até existe um breve momento de diálogo entre eles, após a briga inicial do filme, porém é tudo muito passivo agressivo, uma ameaça proferida da forma mais educada e simples possível. E após isso, uma empreitada de quem mata quem é iniciada, ao melhor estilo “Onde Os Fracos Não Tem Vez”, só que acompanhada de longas pausas diálogos peculiares para demonstrarem infantilidades e preocupações daqueles homens.

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Ele calcula sua desconstrução ao brincar com o personagem do pistoleiro, que se diz na verdade um capanga, para resolver seu problema. Mas na verdade o que é visto em tela é um senhor simpático, bom ouvinte e péssimo de mira. O personagem do filme resume muito bem por onde o filme procura se desenvolver, por meio do diálogo, contemplação e uma desenvoltura surpreendente cômica. Aquelas pessoas proferindo coisas absurdas de uma naturalidade imensa, e revelando suas inseguranças por problemas antigos e novos.

Babu Santana e Ângelo Antônio em Oeste Outra Vez | Créditos: DIvulgação

Até mesmo a violência, que apesar de crua e direta, revela uma graça por meio dos diálogos e diversos erros e imprevistos nos poucos, porém impactantes conflitos do filme. O rico visual do filme engrandece até mesmo os tiros dados em tela, desde a bala saindo até a pólvora em destaque. Por mais que em cenas de escuridão completa, cause mais um incomodo do completo escuro do que de fato uma proposta interessante.

E o diretor Erico Rassi nos revela aquela natureza infantil sobre aqueles homens e uma incessante solidão e carência dos mesmos. A única cena que vemos uma mulher é em seu início, mas nunca é revelado seu rosto ou alguma fala é proferida por ela, o que temos é sua repentina ausência, fugindo daqueles homens e evitando uma briga idiota que o filme faz questão de deixar claro que aqueles homens estão cometendo.

A paisagem do filme é refletida sobre dois modos: os lindos planos de fundo e um ambiente tão rico e natural da nossa terra nacional. Mas também um abandono, locais em que nossos personagens vivem, trabalham, um constante destrato deles por onde vivem, jogando lixo no mato. E é interessante essa transição, conforme esses personagens adentram na violência e fuga, a paisagem vai mudando. Observamos menos casas, carros e pessoas, tudo vai remetendo mais o clássico faroeste, que apesar de desconstruído, ele está ali.

De todo um modo, é um filme que pega muito pelo humor e a simplicidade dos diálogos, a formalidade e educação daqueles homens para usarem a força para resolverem problemas que poderiam ser evitados. Toda a figura da mulher é a causa para a briga daqueles homens, da solidão e saudade, e também de uma não aceitação em seguir em frente. O diretor usa uma proposta interessante no gênero ao ausentar a presença física da mulher durante o filme, mas a todo tempo usa-la  pelos diversos pensamentos e atitudes daqueles homens inseguros ao longo da obra.

E Oeste Outra Vez é uma baita surpresa. Ele traz uma ótima opção para um gênero já difícil no cinema, ainda mais no nacional. E ainda nos conquista por meio dos diálogos, a simplicidade de seus personagens e uma natureza completamente exagerada, porém identificável em nosso cotidiano.

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