É um filme bem mais interessado nos bastidores e dinâmicas de uma transmissão de tv em meio aos atentados de Munique, do que propriamente uma discussão política ou aprofundamento das relações. Eles busca de uma maneira bem limpa criar esse Thriller em meios aos diversos imprevistos que aparecem com nossos personagens e uma retrato da maneira “comum” que o dia termina.
O filme conta a trágica história do massacre ocorrido durante as Olimpíadas de 1972, realizadas em Munique, na Alemanha. No dia 5 de setembro, membros da delegação israelense foram sequestrados e, posteriormente, assassinados por um grupo de terroristas palestinos. Nesse meio-tempo, uma equipe de jornalistas da ABC, que fazia a cobertura esportiva do evento, vê o rumo de sua reportagem completamente alterado: agora, a prioridade passa a ser transmitir todo o desenrolar da crise.
O filme é bastante apolítico, de maneira que o lançamento desse filme é em meio aos diversos auges dos conflitos entre Israel e Palestina. Mas de maneira bem direta, o longa se abstém de provocar uma discussão ou criar algumas conexão passado e presente. O que por si só pode causar diferentes impactos nos telespectadores, sendo algo que não faz falta ao longo do filme ou até mesmo uma covardia se abster de um assunto tão atual e relevante no mundo.
A parte mais empolgante fica por conta das diferentes decisões da equipe e o uso da criatividade em meio uma época de limitações e básica por conta da tecnologia. Então vamos ver diversos improvisos, desde telefones, gambiarras com a câmera, a imprevisibilidade envolvendo de repassar ou não uma notícia, se ela é verdadeira ou não. Vamos ver constantemente membros da equipe indo pra diferentes lugares, voltando para o estúdio, entrando em conflitos entre si.
Além da pouca desenvoltura política do filme, temos uma falta de desenvolvimento humano dos personagens. Eles funcionam mais como operários mesmo em meio aquele acontecimento. Existe até uma piscada ou outra de resquícios da segunda guerra mundial, seja essa relação pós guerra entre Alemães, franceses e americanos, porém nunca passa disso, exemplo é a personagem alemã que constantemente fala da preocupação de seu povo em mudar a imagem que foi deixada para o mundo pós segunda guerra mundial, mas é algo que ao decorrer do filme segue sendo deixado de lado na medida que as coisas ficam mais densas no atentado.
Outro bom uso é a pouca duração do longa, 95 minutos, isso casa com a ideia de um thriller direto e focado nos bastidores como mencionado antes. A boa mistura dos atores com as imagens reais da transmissão ajuda com a imersão. Seja o apresentador repassando entrevistas ou notícias ou até mesmo as imagens bizarras dos sequestradores e da vila olímpica, provocando até mesmo um conflito policial com os jornalistas devido a exposição da operação para os terroristas .
Setembro 5 é um Thriller competente na medida do possível, ele causa um interesse devido aos bastidores da transmissão e uma tensão devido as constantes mudanças de atitudes. E apesar de parecer covarde ao se propor apolítico e uma falta de desenvolvimento humano de seus personagens, ele oferece uma outra visão dos fatos trágicos, e ao seu final, um discurso de “até amanhã” num ambiente de trabalho após um atentado marcante na história da humanidade.