Dirigido pelo italiano Paolo Sorrentino, é um filme que transborda estilo e elegância, mas que deixa a narrativa em segundo plano, priorizando a estética em detrimento de uma trama mais consistente.
O longa acompanha a vida da enigmática Parthenope (vivida por Celeste Dalla Porta, em sua estreia no cinema), desde seu nascimento em 1950 até os dias atuais, retratando suas jornadas e escolhas sob uma ótica fortemente visual.
A personagem principal, batizada em homenagem ao antigo assentamento grego que deu origem a Nápoles, ou possivelmente à lendária sereia da mitologia, vagueia por sua vida como uma presença fascinante, mas muitas vezes incerta e introspectiva. Criada em uma família rica, com uma imponente vila costeira, Parthenope revela desde cedo sua predileção pelo conhecimento, contrastando com o vazio ao seu redor. Sua relação com o irmão Raimondo (Daniele Rienzo), envolta em tons quase trágicos e inspirada na dramaturgia grega, adiciona um pouco mais de tensão à trama.
Enquanto avança pela vida, Parthenope explora caminhos como a antropologia, sob a orientação de um professor (Silvio Orlando) que percebe sua profundidade, e até mesmo uma carreira como atriz, marcada por experiências surreais como aulas com uma misteriosa mentora mascarada (Isabella Ferrari).
No entanto, sua trajetória se desvia frequentemente para o mundo das aparências, onde a beleza se torna tanto um privilégio quanto um obstáculo. A protagonista parece ser constantemente admirada, mas raramente compreendida, o que cria um contraste intrigante, embora frustrante, para o público.
Visualmente, o filme é impecável. Com figurinos dirigidos pelo criativo da Saint Laurent, Anthony Vaccarello, e um enquadramento que remete a editoriais de moda, Parthenope é um espetáculo para os olhos. Contudo, essa mesma obsessão com a forma deixa a narrativa diluída, com muitos momentos de contemplação que não levam a respostas ou conclusões significativas. A própria protagonista permanece um mistério para todos ao seu redor e para o público, mantendo uma aura melancólica e impenetrável que, embora hipnotizante, pode afastar aqueles que buscam um enredo mais substancial.
Em resumo, Parthenope é um filme para ser sentido e admirado, mais do que compreendido. É uma ode à beleza e ao mistério, e talvez a maior conquista de Sorrentino esteja em sua recusa em explicar ou simplificar sua protagonista. Embora não seja uma obra universalmente acessível, é inegável que o diretor criou um conto visualmente marcante e artisticamente ousado. Para aqueles que apreciam a estética acima da narrativa, é uma experiência rica e fascinante.