sex, 8 agosto 2025

Crítica | Juntos

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‘Juntos’ é o primeiro longa-metragem da filmografia do diretor neozelandês Michael Shanks, conhecido pelo curta ‘Rebooted’ (2019), e conseguiu boa visibilidade para o seu primeiro longa por participar do Festival de Sundance 2025, onde teve boa recepção. Os protagonistas e produtores do projeto, Alison Brie e Dave Franco, que também são um casal na vida real, já são conhecidos em Hollywood por terem em suas filmografias alguns filmes conhecidos do público, como a atuação de Franco em ‘O Truque de Mestre’ (2013) e da participação de Brie em ‘Pânico 4’ (2011) e em ‘Bela Vingança’ (2021). O casal Tim (interpretado por Dave Franco) e Millie (interpretada por Alison Brie) se muda para o interior buscando recomeço, mas um encontro sobrenatural inicia uma transformação extrema de seu amor, suas vidas e seus corpos.

Uma mistura entre terror e comédia sempre gera curiosidade para ver como serão alinhados os gêneros e que, obviamente, tem grande chance da obra virar uma bagunça e gerar risadas do público mas não necessariamente boas. Por isso, me surpreendi bastante com o primeiro longa-metragem de Michael Shanks por demonstrar ter uma maturidade para defender sua interpretação da história dentro desse contexto de encontrar os dois gêneros. De certo modo, acho até gratificante ver como essa transição é feita, pois existe de fato uma ideia maior da obra que é um debate sobre o amor e seus sacrifícios, sobre o desejo contra a realidade, uma discussão mais que comum nos relacionamentos amorosos: “eu gosto dele(a), mas será que é a pessoa certa?”, partindo justamente da ideia do seu terror (os corpos grudados, a obsessão de um pelo outro) inspirado em obras de cineastas como de David Cronenberg para conversar sobre isso em tela, ainda que tenha aqueles momentos que são rotineiros em filmes do gênero e que realmente não acredito que se encaixavam nesse longa, como o fatídico discurso entre um personagem que acredita e que tenta explicar que tem algo de errado e o personagem que apenas diz “isso é loucura”. 

Créditos: Diamonds Films/Neon

Acho que a interação do casal em tela é uma síntese de toda essa ideia sobre um completar o outro. Alguns elementos como o roteiro e a atuação de Dave Franco e Alison Brie acabam potencializando isso quando constroem uma Millie adulta, bem resolvida e com suas metas de vida, com trabalho estável, carro próprio, mas casada com um Tim que, como o próprio filme diz, “sonha em ser uma estrela da música ainda com 30 anos” e é o oposto da sua namorada. É muito boa o uso da comédia e do terror sobre isso, principalmente nos diálogos, como na cena em que o casal acaba se “grudando” pela primeira vez e Tim fala que poderia ser apenas mofo, e mais tarde no filme ele próprio afirma: “E desde quando eu entendo algo sobre mofo?!” O filme dá esse tom quase infantil sempre, destacando a diferença de postura entre o casal, como se fosse uma relação entre mãe e filho. Isso também se dá pelos figurinos e maquiagem discrepantes entre as roupas mais sérias de Millie e o estilo mais “folgado” de Tim, deixando claro como eles são dois mundos diferentes mas obsessivos um pelo outro.

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‘Juntos’ acaba tendo uma ideia bem estabelecida, sabendo mesclar muito bem o terror corporal e a comédia para falar sobre a união de duas pessoas que se completam e se transformam mutuamente, mesmo diante das adversidades mais bizarras e inesperadas.

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Rui Filho
Rui Filhohttp://estacaonerd.com
Recifense, cinéfilo e estudante de Cinema desde 2020, graduando em Publicidade e Propaganda. Apaixonado por arte, amante dos esportes, curioso sobre tudo e sempre em busca de algo novo para assistir.
‘Juntos’ é o primeiro longa-metragem da filmografia do diretor neozelandês Michael Shanks, conhecido pelo curta ‘Rebooted’ (2019), e conseguiu boa visibilidade para o seu primeiro longa por participar do Festival de Sundance 2025, onde teve boa recepção. Os protagonistas e produtores do projeto, Alison...Crítica | Juntos