Bambi: Uma Aventura na Floresta é uma adaptação que se distancia bastante da fantasia e do sentimentalismo da versão animada da Disney que ficou marcada no imaginário popular. Dirigido por Michel Fessler, o foco é outro: uma abordagem mais realista, contemplativa e fiel ao espírito do livro original de Felix Salten.
O longa não utiliza CGI, o que já o coloca numa posição curiosa dentro do cenário atual, dominado por efeitos digitais. A escolha por uma estética naturalista, com imagens reais da floresta e dos animais, e uma narração em off, dá ao filme uma textura quase documental. Há uma beleza silenciosa nas cenas, uma tentativa de capturar a vida selvagem sem filtros, sem artifícios.
Isso já diz muito sobre a proposta: não há animais falantes, nem trilha sonora manipuladora. O que se vê é a natureza como ela é, com seus ciclos, seus silêncios e suas ameaças.
Mas essa mesma escolha estética cobra seu preço. O ritmo é lento, e não apenas por opção narrativa, mas por uma insistência em deixar o tempo correr como corre na natureza: sem pressa, sem cortes bruscos, sem trilha sonora que empurre emoções.
Para quem está acostumado com narrativas mais dinâmicas, pode ser um desafio manter o foco. Em alguns momentos, parece que o filme está mais interessado em observar do que em contar. E essa contemplação prolongada pode provocar sono, especialmente se o espectador não estiver disposto a entrar nesse estado de imersão quase meditativa.
Ainda assim, há algo de honesto na proposta. O filme não tenta agradar com fórmulas prontas. Ele se compromete com uma visão mais poética e melancólica da vida na floresta, onde o ciclo da natureza é mostrado com suas dores e descobertas. É uma obra que exige paciência.