qui, 21 agosto 2025

Crítica | Faça Ela Voltar

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O filme é um mergulho incômodo e visceral no luto, na culpa e na obsessão por reverter o irreversível. Dirigido pelos irmãos Danny e Michael Philippou, os mesmos de Fale Comigo (2022), Faça Ela Voltar não se contenta em aterrorizar com sustos fáceis. Ele constrói uma atmosfera sufocante, onde cada gesto, cada silêncio e cada olhar carregam uma tensão que parece prestes a explodir.

A história acompanha Andy e Piper, dois meio-irmãos que, após perderem o pai, são adotados por Laura, uma assistente social marcada pela morte da própria filha. A casa onde vão morar é isolada, cheia de símbolos estranhos e uma sensação constante de que algo está fora do lugar. Laura não é exatamente acolhedora — ela oscila entre a gentileza e um comportamento perturbador, e logo fica claro que há algo mais sombrio por trás de sua dor.

O filme não esconde que há um ritual envolvido. Laura está tentando trazer a filha de volta, e para isso, está disposta a ultrapassar qualquer limite. Piper, que é cega, não percebe os sinais de perigo, enquanto Andy tenta entender o que está acontecendo e proteger a irmã. A presença de Ollie, um garoto mudo com hábitos inquietantes, só aumenta o desconforto. Tudo parece girar em torno de um culto, de um pacto, de uma tentativa desesperada de negar a morte.

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A direção é precisa em criar esse clima de claustrofobia emocional. A casa parece um labirinto, e os personagens estão presos não só fisicamente, mas também em seus traumas. Sally Hawkins entrega uma atuação impressionante como Laura — ela não precisa gritar para ser assustadora. A dor dela é tão profunda que se transforma em algo monstruoso. Billy Barratt e Sora Wong também brilham, especialmente nas cenas em que o vínculo entre os irmãos é testado ao limite.

O filme não tem pressa. Ele se arrasta de propósito, como se quisesse que o espectador sentisse o peso do tempo, da espera, da angústia. E quando finalmente revela seu horror, é brutal. Não há alívio, não há redenção. É um terror que não oferece saída, só o confronto com o que foi perdido e com o que se está disposto a sacrificar para recuperar.

Mesmo com alguns tropeços no ritmo e uma trama que às vezes parece familiar, Faça Ela Voltar, se destaca por tratar o luto como algo físico, que deforma, que consome. Não é sobre fantasmas — é sobre o que sobra quando o amor vira obsessão. E isso, por si só, já é aterrorizante.

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