Mauricio de Sousa – O Filme é uma cinebiografia que parte de um ponto muito familiar para o público brasileiro: os personagens da Turma da Mônica. Mas o foco aqui não são os gibis, e sim o homem por trás deles.
O longa se concentra nos primeiros 40 anos da vida de Mauricio, desde a infância até o momento em que ele começa a transformar suas ideias em algo concreto. A escolha de colocar seu próprio filho, Mauro Sousa, no papel principal cria uma conexão curiosa entre o que é retratado e quem está contando a história.
A narrativa percorre momentos marcantes da vida do cartunista, como a relação com os pais, o vínculo com a avó Dita e os desafios para se firmar como artista. Há uma atenção especial às inspirações que deram origem aos personagens — muitos deles baseados em pessoas próximas. Isso dá ao filme um tom caseiro, quase como se estivéssemos folheando um álbum de família.
A direção de Pedro Vasconcelos, com roteiro em parceria com Paulo Cursino, segue uma linha clara: contar a trajetória de alguém que acreditou em suas ideias mesmo quando tudo parecia improvável.
O filme não tenta reinventar o gênero biográfico, mas entrega uma história acessível, com ritmo leve e momentos que ajudam o público a entender como Mauricio se tornou um dos nomes mais reconhecidos da cultura brasileira.
O elenco, que inclui nomes como Natália Lage, Emílio Orciollo Neto, Elizabeth Savalla e Thati Lopes, funciona bem dentro da proposta. Diego Laumar, que interpreta Mauricio na infância, tem uma presença simpática que ajuda a dar vida aos primeiros passos do personagem.
No fim das contas, o filme é nostálgico para as “crianças”, que cresceram lendo as obras do artista. Não há grandes reviravoltas ou tensões dramáticas intensas. É uma história sobre persistência, criatividade e família — contada de forma simples, com carinho e com a leveza que sempre marcou os quadrinhos de Mauricio.