
O tema atual do filme acaba deixado de lado ou muitas vezes repetido devido uma história bem desinteressante ou sem qualquer justificativa para um tempo tão longo de duração. Principalmente em seu início, as cenas de diálogos e apresentação dos personagens é pra lá de chata e esses discursos acadêmicos afastam demais o público.
Falta uma humanização com aquelas pessoas. Existe claro uma ideia de frieza por conta daquele ambiente acadêmico e patriarcal que o filme prega, porém o carisma e empatia com os personagens acabam limitados apenas para o marido da protagonista, vivenciado por Michael Stuhlbarg. Ele tem um humor ácido muito bem vindo, tanto nos diálogos quanto no corporal, as indas e vindas dele na cozinha são ótimas e provocativas, funcionando mais que o próprio texto.
A personagem de Julia Roberts, Alma, lembra bastante Lydia Tár, não só pelo tema muito parecido, só que em faculdade, mas pela semelhança física e a frieza da personagem. O peso principal do filme passa bastante por ela e um tom misterioso que se apresenta sobre seu passado e as atitudes futuras que vão impactar seus colegas, sejam boas ou más.

O discurso do filme cai bastante justamente por parecer acabar quadrado demais e apresentar tópicos modernos sobre a cultura do cancelamento. Ele insere um tom nebuloso e brinca com a questão dos dois lados da moeda, porém o peso é bem descartado quando o filme deixa meio explícito o que de fato aconteceu. Principalmente em uma das cenas finais da protagonista, totalmente quebra clima.
Por outro lado, mesmo que não tão inspirado como em seus filmes anteriores, o diretor faz um bom trabalho de composição de cena. Usando a rica trilha sonora Trent Reznor e Atticus Ross que dão charme e prende os protagonistas nos cenários, até às batidas mais graves combinam com a tensão física dos mesmos. Os planos detalhes das mãos e closes são um diferencial. Parecem querer demonstrar desconforto e a ansiedade deles naquela situação. Os closes e troca de focos entre os personagens é sutil e criam uma apreensão do momento.

O filme vai ter até um momento aqui ou ali de interesse na história, seja por semelhanças com a realidade, porém existem diversos momentos bem enfadonhos para parecer uma checklist do assunto, seja alguma discussão expositiva tal qual Alma e Maggie ou o protesto rápido dos estudantes na faculdade.
Fato é que Depois da Caçada é um drama bem morno e acaba cansando pela falta de conteúdo, ou melhor, pelo mal desenvolvimento de sua história. O elenco é ótimo e é nítido que foi escolhido a dedo, porém o filme afasta demais os personagens com seu texto sonolento e didático. Uma pena não possuir aquela energia sufocante e viva que o Guadagnino já apresentou.