qua, 5 novembro 2025

Crítica | Resurrection

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Resurrection é uma carta de amor à indústria cinematográfica escrita, em forma de filme, com a câmera do cineasta Bi Gan. Passando por diversas eras/estilos da sétima arte, em especial do cinema chinês, para compor uma espécie de antologia que atravessa períodos históricos diferentes através de curtas sobre sonhos, monstros, fantasias e, principalmente, cinema.

A princípio a trama pode passar a falsa sensação de ser difícil de acompanhar, mas logo somos bem situados na narrativa, que se divide entre essas histórias que se interligam por meio da protagonista do segmento de abertura: uma mulher, de um mundo distópico, com a habilidade de acessar os sonhos da última criatura capaz de sonhar.

Cada sonho é um curta, é também uma nova vida, justificando o nome do longa – Resurrection, ou Ressureição. A criatura recomeçando sua vida como alguém diferente, em um novo tempo e lugar. Assim como cada filme que assistimos nos transporta para sua própria realidade histórica-temporal, ainda que fictícia. Aqui a criatura é literalmente levada para dentro dessas realidades, renascendo a cada vez.

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Bi Gan demonstra todo seu rico repertório de referências cinematográficas que se perpassam ao longo dos cem anos de história do cinema. A forma como reconstrói períodos e movimentos, apesar de simples e direta, carrega consigo um esmero técnico que torna o projeto tão voluptuoso, com tamanha pompa visual. E, ainda que emule diversos cinemas, a assinatura final com uma cara muito própria. É saber usar-se da estética daquilo que veio antes para criar uma identidade sua.   

O filme emociona tanto pelos diálogos que demoram a chegar, mas chegam com uma força arrebatadora, quanto pelas imagens construídas pelo cineasta, que nunca parecem uma emulação barata de um cinema que veio antes e já fez aquilo melhor. Pelo contrário, a homenagem só funciona por ser feita com o mesmo bom gosto daquilo que se está homenageando, graças a um cineasta que sabe trabalhar sentimentos para criar momentum.

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Destaque

Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
Resurrection é uma carta de amor à indústria cinematográfica escrita, em forma de filme, com a câmera do cineasta Bi Gan. Passando por diversas eras/estilos da sétima arte, em especial do cinema chinês, para compor uma espécie de antologia que atravessa períodos históricos diferentes...Crítica | Resurrection