‘Predador: Terras Selvagens’ é o mais novo filme da franquia iniciada nos anos 1980 com Arnold Schwarzenegger no protagonismo. Dentro continuações e até encontro com outra franquia famosa, ‘Alien’, a franquia agora retorna para o oitavo filme dirigido por Dan Trachtenberg, conhecido por dirigir ‘10 Cloverfield Lane’ (2016) e o último filme da franquia, ‘Prey’ (2022). O filme tem como estrela Elle Fanning, conhecida por seus papéis em ‘Demônio de Neon’ (2016), ‘Mulheres do Século 20’ (2016), ‘Um Completo Desconhecido’ (2024) e tantos outros na vasta carreira da jovem atriz.
Buscando finalmente ser reconhecido dentro do seu clã após ser excluído e ver a morte do irmão, Dek (interpretado por Dimitrius Schuster-Kiloamatangi) acaba seguindo em sua missão para derrotar o monstro Kalisk. No caminho, conhece e forma aliança com a ciborgue Thia (interpretada por Elle Fanning) juntos em busca do grande “trófeu” da sua vida.
Acho interessante notar que o diretor, Dan Trachtenberg, já possuía uma certa reputação dentro da indústria cinematográfica por causa da estética causada em seus filmes, especialmente em ‘10 Cloverfield Lane’ (2016), e ele acaba trazendo um pouco dessa característica para o novo filme da franquia Predador. Apesar de achar que falta uma melhor estruturação da história, principalmente na parte mitológica e uma falta de construção para aprofundar aquelas relações, a parte gráfica entrega uma boa atmosfera para aquela narrativa. Na sequência inicial e na disputa entre irmãos e pai, já percebemos, especialmente pelo uso da fotografia e da composição dos planos, que existe uma boa ideia estabelecida ali no sentido gráfico. O maior desafio foi, possivelmente, equilibrar isso com uma produção de um orçamento menor para esse tipo de filme ($105 milhões de dólares). Boa parte do filme, por exemplo, prefere focar em fazer um primeiro plano ou dar zoom no rosto de Dek do que aproveitar os cenários e as composições, já que o fundo, obviamente, é feito pelos efeitos visuais. Além disso, o filme acaba pecando em muitos desenvolvimentos de narrativas que poderiam ser mais exploradas em um longa que acaba tendo 107 minutos mas com um gostinho de que poderia ter mais. O filme, com isso, prefere seguir um rumo narrativo parecido com os últimos filmes recentes de grandes franquias, uma estrutura de roteiro mais tradicional do que já estamos acostumados dos últimos anos. Por essa limitação externa, a ideia do diretor para a obra acaba ficando bem prejudicada.
Apesar dessas limitações, o filme ainda acaba sendo uma opção interessante dentro de uma franquia que estava boiando em ideias. O grande destaque do filme é a Elle Fanning que a cada novo projeto mostra que o seu potencial já é uma grande realidade. É a atuação da atriz estadunidense que equilibra as tentativas do texto em ser mais cômico, manter a seriedade e contar a explicação daquela história dentro do universo da franquia. A maquiagem, junto com a fotografia, faz essa rima sobre esse mundo inexplorado que há no filme, em uma ideia de mostrar mesmo que aquele planeta e monstros são uma parte explorada do universo por aqueles personagens, tanto no sentido literal quanto internamente, principalmente nos dramas de Dek e Thia. Existia, sim, um grande potencial para essa experiência ser expandida com uma maior riqueza nos detalhes da narrativa e se fosse dada mais atenção para construir uma relação entre o espectador e mais histórias anteriores daqueles personagens, do jeito que fosse possível.
‘Predador: Terras Selvagens’ é um bom filme para trazer de volta os holofotes de uma franquia que estava em um limbo. Ainda que haja limitações na forma como é conduzida a narrativa, a excelente atuação da Elle Fanning e a estética visual construída sobre aquele universo mostram é uma ideia interessante de ser apreciada.
