Dois homens obcecados por conspirações sequestram a CEO de uma grande empresa quando se convencem de que ela é uma alienígena que quer destruir a Terra.
Bugonia causa mais a sensação de uma piada extremamente estendida em suas duas horas do que algo realmente criativo ou interessante.Ele brinca com todos os conceitos e trejeitos da sociedade moderna, tal como teoria dos reptilianos, paranoia digital, luta de classes. Mas fica por essa repetição mesmo.
O diretor insere seus conceitos já conhecidos, tal como figuras extremamentes excêntricas e esquisitas para moldar seu cenário e ambiente, e assim criar uma estrutura de caos controlado muito injetado ao aspecto cômico da coisa. O problema é se apoiar muito na comédia e não ser o suficiente para segurar o filme, sem ao menos uma profundidade adequada ao construir seus personagens. O humor tem bons momentos, porém muitas situações de repetição, que claro, representavam a loucura daquelas pessoas envolvidas, mas acaba prejudicando a narrativa em uma evolução, no caso involução.
E por mais que o texto não evolua tanto, o destaque fica mais pelas atuações, principalmente da dupla. Jesse plemons sempre excelente ao passar uma loucura em tela, aqui, em algo mais caricato, porém bastante corporal, tanto o trabalho de caracterização quanto as falas proferidas didaticamente e com uma convicção da loucura que chega a dar riso. Já Emma Stone nessa CEO esquisita e cheia de trejeitos que refletem o mundo maluco moderno em que vivemos, e também se entregando fisicamente. A figura desprezível, mas que vai criando uma empatia devido a situação absurda em que se encontra, e o timing cômico sempre ótimo com os olhares da atriz.
A parte final se revela melhor justamente por abraçar um absurdo que por mais que possa soar previsível, ele é charmoso devido ao timing cômico e uma boa execução visual. E todo o trabalho envolvendo violência é bem aplicado tanto em choque, quanto inserção dos elementos que levam uma violência tanto proposital quanto incarnada a uma imbecilidade presente com aquele mundo e personagens desde o primeiro minuto.
Bugonia representa essa fase mais “louca” do diretor e traz os bons e maus hábitos do mesmo. Ele traz um humor convidativo, mas que se repete muito em sua narrativa e não aprofunda questões relevantes que o diretor joga em meio seu filme. Por outro lado as atuações conseguem agregar e disfarçar um filme sem muito a dizer além da piada que poderia ser melhor trabalhada em um curta ou média metragem.
