qui, 4 dezembro 2025

Crítica | Foi Apenas Um Acidente

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Quando o mecânico Vahid encontra por acaso o homem que acredita ter sido seu torturador na prisão, ele o sequestra decidido a se vingar. Mas a única pista sobre a identidade de Eghbal é o som peculiar de sua perna protética. Vahid então recorre a um grupo de outras vítimas libertas em busca de confirmação, e o perigo só aumenta.

Em Foi Apenas um acidente, o diretor trabalha esse trauma das vítimas posteriores de um evento coletivo de tortura. É uma justiça que acaba virando vingança e vai remoendo seus personagens e também o espectador. Se por algum momento o longa caminha em um derivado de comédia dado a situação absurda e o aumentativo das pessoas que participam daquele evento, em seu final, fica bem claro a mensagem que o diretor quer passar. Ou melhor, incomodar.

O filme trabalha bem essa união do trauma com os pequenos detalhes que ativam esse gatilho. Desde o barulho da prótese de perna, as falas proferidas pelo torturador e repetidas por suas vítimas e as coincidências que o fazem acreditar com o eventual encontro. O filme traz um incomodo de pessoas tão feridas e marcadas pelo passado que não conseguem se quer aceitar numa possibilidade daquele homem não ser o torturador. A dor é muito forte.

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Além disso, o paralelo com a vida do diretor, funcionando nesse meio de resposta contra o regime iraniano. Você observa a mensagem bem clara ali. E a grande sacada é colocar esse ensaio sobre aqueles personagens e a situação escalando e escalando, assim, se tornando de um grau extremamente tenso e sufocante. A câmera, que é completamente observadora durante o filme, ganha um grau de tortura ao seu final, na medida que os papéis são invertidos e tudo fica imprevisível de como irá terminar.

E por meio de toda a história, é construída uma ideia de coincidências e eventos que irão unir aquelas pessoas e alimentar um fator de retribuição. De que tudo aconteceu para culminar aquele evento, desde o pneu estourando no início do filme até os derradeiros encontros. É um fator que o diretor trabalha em questão de que tudo de ruim será pago em algum momento, mesmo que seja necessário que os papéis se invertam e o limite seja atingido. E além disso, os segundos finais são de uma atmosfera absurda, o medo e ansiedade ainda continuam, e nunca vamos saber o real desfecho de uma virada de câmera.

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