sex, 22 novembro 2024

Crítica | Julieta

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0111“Quem? Eu?”

Em Julieta (2016), o diretor mais uma vez nos presenteia com um drama instigante, utilizando duas de suas armas favoritas – a dor e a culpa – e como uma doença silenciosa vai aos poucos nos definhando junto com seus personagens.

A trama baseada no livro de Alice Munro, que também assina o roteiro, começa com Julieta (Emma Suarez), uma mulher de meia idade que está de mudança para Portugal com seu namorado Lorenzo (Dario Grandinetti), até que um encontro inesperado a faz mudar de ideia. Ela então começa a refazer alguns passos e somos apresentados a uma jovem Julieta (Adriana Ugarte), sua paixão ardente pelo jovem pescador Xoan (Daniel Grao). A história é contada através de um diário que ela escreve para sua filha Antía (Jimena Solano – 2 anos| Priscilla Delgado – Adolescência| Blanca Praés – 18 anos) onde ela conta em detalhes os motivos que levou ao rompimento da relação entre mãe e filha.

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Uma das conhecidas características de Almodóvar que vemos no filme é o uso de cores vivas e texturas vibrantes. As cores e formas de luz contracenam com os atores dando uma certa força para o sentimento exposto na cena. Para reforçar a dualidade, sempre presente no filme, o uso de duas cores conflitantes: o vermelho, representando a fúria, a mudança constante e a linha tênue entre amor e ódio. E o azul, cor da calma, ligado a um passado calmo, bucólico e triste.

O filme nos mostra as diversas formas de perdas e como uma mesma pessoa pode lidar de formas variadas com ela. Vemos várias reações de Julieta, a saudade dos que se foram – como o grande amor Xoan, sua mãe Sara (Susi sánches) e da amiga Ava (Inma Cuesta) que são lembrados de forma carinhosa em fotografias e memorabilias. Também vemos como a dor a culpa podem nos levar a uma necessidade de nulidade, fingindo que aqueles que ainda amamos mas nos machucaram não existissem mais.

Um drama de Almodóvar já é por si só um grande motivo para ir ao cinema. Julieta que estreia no dia 07 de julho nos cinemas brasileiros, tem reais motivos para ser um dos maiores filmes de 2016. Sua grandeza não está no orçamento ou na produção. Está no toque que levamos na alma.

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