Essa crítica foi escrita por Matheus Simonsen. Siga ela nas suas redes sociais: Instagram
Desde seu início, com o anúncio de que “A voz de Andy nesta série é recriada usando um programa de IA com a permissão da Fundação Andy Warhol”, esse aspecto de alta tecnologia da série documental estabelece o precedente para aquilo em que os seis episódios consistirão: os diários, que são combinados com comentários de colegas artistas, celebridades e historiadores da arte. Amigos próximos de Andy se misturam com aqueles que dedicaram grande parte de suas vidas ao estudo de sua arte. Como eles mencionam no primeiro episódio e é ilustrado com a variedade de perspectivas sobre sua sexualidade até o final, não há como confirmar como sua vida realmente era.
Diários de Andy Warhol tem por base o livro de não-ficção de mesmo nome, que foi editado por Pat Hackett, jornalista e amiga de Warhol. Os diários não foram escritos pelo próprio Warhol, mas transcritos de telefonemas entre ele e Hackett e publicados dois anos após sua morte. A série é uma mistura da vida pessoal de Andy e um retrato da época mostrada. Desde os amores do artista, a discussão da homossexualidade, seu impacto na arte, passando pelo estilo de vida dos anos 80 e chegando ao estouro da AIDS ao final do documentário. É uma obra bastante íntima sobre seu artista, mas também atenta a importantes momentos do quadro social ao redor.

Andy foi extremante importante para o movimento Pop Art, e o diretor Andrew Rossi toma a sábia decisão de incluir comentários sobre o estado atual da cultura pop e a paixão da América por celebridades. Há 40 anos, Andy já concebia a ideia dos “15 minutos de fama”, tão comum hoje em dia.Rob Lowe, que era amigo de Warhol, menciona: “Ele adoraria hoje por causa do show de horrores que é a cultura contemporânea”, o momento perfeito para reconhecer a arte culturalmente relevante que Andy Warhol concebeu sobre fama e iconografia. Além de suas contribuições na arte com pinturas e gravuras, ele fez filmes, participou ativamente da Televisão e tinha também uma revista de nome “Interview”, todos comentando sobre a cultura da época e o significado de ser famoso.
O documentário tem um vastidão de arquivos para contar sua história, desde fotos e vídeos dele apenas passeando por Nova York, até momentos importantes de sua carreira, encontros com celebridades e principalmente mais detalhes sobre sua vida pessoal, seus relacionamentos amorosos com Jed e John Gould e sua amizade importante com Jean- Michael Basquiat. É interessante perceber que o documentário deixa muito claro a intervenção de sua vida amorosa com a artística e vice versa. Existe um equilíbrio muito bom nessa dualidade de Andy.

Apesar da alta qualidade dos arquivos sobre a vida de Andy, a série, dividida em 6 episódios, acaba em alguns momentos se repetindo um pouco no que quer contar. Com grande parte dos capítulos passando da 1 hora de duração, ela sutilmente cansa seu telespectador, mas ao mudar de assunto ela rapidamente ganha seu interesse novamente.
Diários de Andy Warhol prova ser uma série não apenas para fãs de Warhol e historiadores de arte, pois é uma história de sofrimento, solidão, fama e amor, que é fascinante para um espectador comum. A mistura de entrevistas de estilo clássico dos documentários, narrações dos diários de Andy, imagens e filmagens que ele e outros fizeram, obras de arte, entrevistas, música, cenas de filmes e outros materiais acaba representando bem o caos criativo que era Andy Warhol. É uma obra com muito coração. Uma homenagem encaixada em 6 episódios.