Nos últimos anos temos visto uma evolução frequente no cinema nacional. Mesmo com a falta de investimento e apoio por parte de órgãos governamentais, o cinema brasileiro vive e resiste através de obras criativas e com roteiros simultaneamente inovadores e tão familiares.
Última Cidade é um desses filmes, que revoluciona a indústria cinematográfica de forma positiva. Mostrando um nordeste distópico, a obra conta a história de João e sua jornada em busca de seu objetivo: chegar na última grande cidade da região para enfrentar o homem que lhe tirou sua família e suas terras.
O longa cumpre com maestria sua função primordial: causar impacto ao espectador. Toda a história e seu decorrer adentram o mistério e o suspense intrigando quem o assiste. A ficção de um nordeste pós-apocalíptico unido a um enredo dramático e inescrupuloso certamente é uma mistura que já foi feita diversas vezes no cinema internacional, e agora misturado a nossos elementos brasileiros cria um cenário novo para o que estamos tanto acostumados.
A fotografia é impecável e torna os ambientes ainda mais imersivos e cativantes, e realça a qualidade da atuação que por si só já tem seu mérito. Por mais que o enredo seja único e bem pensado, o roteiro em alguns poucos momentos deixa o espectador perdido, confuso e um pouco entediado. Alguns diálogos não são tão bem elaborados como poderiam ser e se mostram rasos e sem muitos rodeios.
Por último vale ressaltar que mesmo com tantos elementos que trazem referências a obras cinematográficas e até mesmo literárias, o filme mescla o clássico com o contemporâneo e traz críticas claras e diretas ao Brasil atual, trazendo pautas como exclusão social e extermínio de diferenças.