sex, 22 novembro 2024

Crítica | Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez

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Opinar sobre documentários de crimes reais é sempre um trabalho complexo, pois, diferentemente de filmes – mesmo baseados em fatos – aqui, temos a narrativa das pessoas reais envolvidas no acontecido. E de fato, não existe então uma avaliação de roteiro, cenas e atuação por exemplo, é sempre sobre o sentimento instaurado sobre o que se viu, em cima do detalhamento de uma tragédia.

Dessa forma, estar isento de opinião própria nesse sentido, seja sobre o fato em si, seja sobre como o documentário foi realizado é extremamente difícil. Dito isso, entendo que descrever sobre um dos crimes que mais chocou o Brasil naquela época e promeveu a mudança geral na sociedade é um fato com mais emoção crítica que o normal.

Daniella Ferrante Perez Gazolla, filha da atriz e escritora Gloria Perez, era uma atriz e bailarina, que estava em momento de ascensão em sua carreira. Era uma das estrelas da novela “De Corpo e Alma” que era líder de audiência na Globo em 1992. Ela interpretava a jovem Yasmin, que fazia par romântico com o motorista Bira, que era interpretado por Guilherme de Pádua, que viria a ser o próprio assassino de Daniella.

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HBO MAX / Divulgação

O documentário começa com um episódio chocante, direto e pra muitos pertubador. Ele não dá muito tempo para refletir sobre os fatos antes do assassinato, e – quase sempre – narrado por Gloria Perez, vai direto ao ponto ao mostrar logo a morte de uma das atrizes mais queridas do país.

Um assassinato por si já é um fato pesado, mas o documentário ainda se aprofunda nos detalhes do momento e do dia do crime, exibindo filmagens do corpo e imagens de como Daniella ficou após sua morte. Para muitos isso não era necessário, mas creio que as partes envolvidas na produção quizeram mostrar que não é apenas pelo crime, pela brutalidade, pela frieza e pela destruição de todo entorno familiar que um crime assim causa. Por isso as fotos e vídeos podem chocar o espectador, mas não são nada ante o sofrimento dos seus.

Recheado de detalhes sobre os momentos posteriores a morte da atriz e de declarações de inúmeras pessoas que conviviam com ela, notamos que ao primeiro momento, e baseado na ação e tempo comum para soluções de crimes do tipo, descobrir o assassino rapidamente foi um misto de inteligência e sorte, algo quase ficcional.

Claro que os desdobramentos seguintes do caso foram criando novos fatos, inclusive com a relação de Paula Nogueira Thomaz, esposa de Guilherme, que era também participante do crime. E não só isso, mostrou que a mídia, num todo (hoje com mais força graças as sociais) usaram do tema que envolvia já pessoas famosas para terem pra si mais visibilidade e vendas, nos casos de jornais e revistas da época. Tudo referente ao caso e muitos fatos criados para entreter as pessoas, muitas vezes com criações irreais dos acontecimentos, eram certeza de sucesso.

Por outra lado, essa mídia dado ao caso, seja ela positiva ou negativa, ajudou numa mobilização nacional para melhoria das leis do país. Pra quem não sabe, na época esse tipo de crime não era considerado hediondo, e foi somente após ele, e com a união incrível de milhões de pessoas – imagine uma época sem internet – que conseguiu-se pressionar os políticos, que mesmo fazendo pouco ou nenhum caso da importância daquilo, aprovaram uma alteração na lei, para endurecimento das penas.

Ainda a um fato sendo questionado hoje, após a estreia dos episódios, que é a “parcialidade” do documentário, pois, a não ser nas cenas gravadas e de julgamento, ele não deu “espaço” para que Guilherme de Padua desse sua versão. Por visão própria eu não vejo mal nenhum de ter sido feito assim. Corre-se o risco de se glamourizar o assassino, como foi feito no documentário de Elize Matsunaga. Óbvio também que isso será usado por meios próprios, – por Deus sabe quem o apoie – para lhe “dar voz sobre os fatos não ditos”. É da democracia e da lei, imparcialidade.

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De toda forma, se você é alguém que se preocupa mais na necessidade de ouvir o outro lado num caso assim, concorde apenas estar sendo parcial em defesa da opinião de um assassino.

“Quando se mata alguém que amamos, todos nós morremos naquele dia. Apenas continuamos…”

Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez já está disponível no HBO MAX.

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Uillian Magela
Uillian Magelahttps://estacaonerd.com
Co-Fundador do Estação Nerd. Palestrante, empreendedor e sith! No momento, criando meu sabre de luz para cortar a lua ao meio. A, SEMPRE escolha a pílula azul. Não faça como eu!
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