É inegável o quão icônico O Senhor dos Anéis é na Cultura Pop. Os três filmes de Peter Jackson lançados nos anos 2000 são vistos tanto pelo público quanto pela crítica como uma das melhores trilogias blockbusters já feitas na história de Hollywood. Houve uma tentativa de trazer a magia da Terra-Média de volta com a trilogia do Hobbit, sendo que a história de Bilbo Bolseiro nos cinemas nunca conseguiu chegar aos pés da jornada de Frodo e Sam até Mordor. Em 2022, com um novo estúdio e um novo formato longe da tela grande, somos convidados a visitar o universo criado por J. R. R. Tolkien novamente, em “Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”, série da Amazon Prime Video que estreia no dia 2 de setembro. A série funciona como um prelúdio e acompanha eventos anos antes de Frodo, Bilbo e o Um Anel.
Desde o seu anúncio, a série já se deparou com diversos fãs torcendo o nariz para uma nova tentativa de adaptar o universo da Terra-Média, anúncios iniciais apontavam que a série seria a produção mais cara feita pela Amazon Prime Video, logo nos primeiros momentos do Episódio 1 da série isso se torna claro. A escala de efeitos visuais e cenários se encontra num patamar acima da TV convencional, com batalhas gigantes e locações da Nova Zelândia atravessando as cenas. A cada panorâmica que nos transporta para os cenários a série mostra o empenho em trazer o universo de fantasia de Tolkien de volta à vida com uma beleza visual de tirar o fôlego.
A trama começa com a narração de Galadriel, personagem já conhecida por adaptações anteriores, onde se estabelece as motivações e fraquezas da personagem de maneira sólida e sem muitos maneirismos. Morfydd Clark encarna a elfa com uma atuação tímida mas competente, Clark consegue vender ao espectador a culpa e sede por vingança que Galadriel sente ao buscar acabar com as forças sombrias da Terra-Média. Mesmo tendo maior destaque durante o piloto, no segundo episódio a elfa tem sua trama meio apagada por outros núcleos existentes na série. Tendo maior atenção o de seu amigo, e também conhecido por outros carnavais, Elrond. Diferente do elfo sábio e calmo dos filmes da Warner, aqui vemos um jovem que não experienciou muito na vida, Robert Aramayo traz na sua atuação uma vitalidade jovial e simpática para o personagem, suas interações com os outros personagens são gostosas e confortantes de se acompanhar.
“Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” foge mais da crônica épica de fantasia que a trilogia icônica se tornou popular. J.A. Bayona, que assina a direção dos dois primeiros episódios, almeja validação narrativa através de um ritmo mais acelerado, apresentando mais cenas de ação que se tornam tensas e menos aventurescas. Apesar de tal escolha, a série ainda assim homenageia a narrativa de Peter Jackson, com planos panorâmicos através de paisagens da Nova Zelândia e escolhendo recorrer a mais efeitos práticos e cenários físicos.
O ponto que talvez seja um dos mais importantes para tornar a série tão cativante é apresentar uma Terra-Média que precede a existente no imaginário popular, em “Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” não existe um Reino dos Homens, Hobbits ou Mordor. A série instiga o espectador que não está familiarizado com essa época da Terra-Média e o mantém intrigado na trama em busca de conhecer melhor esse universo que é familiar mas ao mesmo tempo é tão diferente.
“Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” tem um ótimo ponto de partida com os dois primeiros episódios, a sensação de revisitar a Terra-Média misturada com a curiosidade das diferenças que ocorrem nesse mundo constroem fundações para que a série se torne tão icônica quanto os filmes foram.