As revistas pulp foram um tipo de entretenimento rápido, sem grandes pretensões artísticas, que surgiu no começo de 1900. As publicações foram desenvolvidas até os meados de 1950. O conteúdo era variado: tinha desde de suspenses, histórias de ficção científicas, fantasia, faroeste, terror e algumas tramas apelativas. Mas todas contribuíram, ao seu modo, com a cultura pop. Tentando resgatar essa influência a Disney apresenta Mundo Estranho. A animação, que estreou dia 23/12 no Disney+, conta a história dos Clades, uma família lendária de exploradores cujas diferenças ameaçam derrubar sua missão mais recente e crucial em território desconhecido e traiçoeiro.
Com uma trama que tem claras influência nas revistas pulp, nas histórias de Júlio Verne e no enrede de Indiana Jones, Mundo Estranho usa esses elementos como pano de fundo para mostrar o conflito de gerações em uma família. Esse assunto é desenvolvido de modo previsível pelo roteiro escrito por Qui Nguyen (Raya e O Último Dragão) que decide abordar a diferença entre as três gerações da família Clade de modo hipócrita. Analisando friamente, a atitude de cada um deles em relação a geração é a mesma e os temas que realmente poderiam gerar um conflito real como a questão de aceitação ou o abandono, nunca são levados em conta pela produção e acabam sendo deixados de lado. Produções como Encanto e Red: Crescer é uma Fera abordaram os mesmos temas que Mundo Estranho de modo muito mais interessante e relevante. Para piorar a produção carece de cenas de ação que realmente empolguem e com isso a trama segue do início ao fim em banho maria, algo que pode entediar quem assiste a trama esperando um pouco de emoção. De melhor temos a inserção de questões da representatividade LGBTQIA+, que é apresentado de modo natural e bastante crível. A mensagem ambiental para os pequenos no fim do filme também fica clara e tem seus méritos, mesmo sem empolgar.
O diretor Don Hall (Operação Big Hero) apresenta um filme que faz jus ao título, Mundo Estranho realmente é ESTRANHO visualmente! Algo que é ótimo de ser visto na telona. O mundo criado por Hall apresenta um novo universo repleto de criaturas estranhas, pra lá de encantadoras, repletas de cores e perigos que fariam inveja as revistas pulp que serviram como inspiração para essa história.
Mundo Estranho é uma produção da Disney, com cara de Disney, tema da Disney, mas que não tem a magia do estúdio. Mesmo abordando temas relevantes, a produção não empolga nunca e agrada mais pelo seu visual, do que pelo seu conteúdo.