Realizada na noite do último domingo, a 95ª cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, o Oscar, laureou Brendan Fraser como o Melhor Ator do último ano por sua atuação dramática e desafiadora em A BALEIA. Além disso, o mais recente longa-metragem de Darren Aronofsky teve o seu trabalho pioneiro de maquiagem e cabelo reconhecido em sua respectiva categoria técnica, representado pelo trio Adrien Morot, Annemarie Bradley-Sherron e Judy Chin.
Mencionada por Fraser em seu discurso de agradecimento, a tailandesa Hong Chau foi indicada a Melhor Atriz Coadjuvante. Grande sucesso independente, A BALEIA prossegue em exibição nos cinemas em mais de 200 cópias por todo o Brasil, com distribuição da California Filmes.
Fraser interpreta Charlie, um professor de 270 Kg que não consegue sair do sofá e repleto de problemas emocionais. No Festival de Veneza, em setembro de 2022, o ator americano de 54 anos recebeu quase 10 minutos de aplausos na sessão de gala do longa, que também está indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Cabelo e Maquiagem e de Atriz Coadjuvante, para Hong Chau.
Fraser se transformou fisicamente para viver o personagem: um homem com obesidade severa que não consegue sair do sofá. Professor de literatura, ele precisa se confrontar com seu passado, que envolve uma filha adolescente (Sadie Sink) e sua ex-mulher (Samantha Morton). O roteiro é escrito por Samuel D. Hunter, baseado em sua peça homônima.
“O que eu gosto sobre A BALEIA é como nos convida a ver a humanidade dos personagens, que não são totalmente bons ou maus, eles têm nuances como qualquer pessoa e vivem vidas muito ricas”, conta Aronofsky, que se interessou em adaptar a peça desde que a viu, mais de dez anos atrás.
Fraser, por sua vez, conta que teve uma entrega total ao personagem, como nunca fizera antes, para mostrar toda a força e vulnerabilidade de Charlie. “Ele tem uma melancolia que o paralisa que vem do fato de nunca poder ter sido a pessoa que queria ser. Ele carrega muitos sentimentos de culpa”, explica o ator.
Fraser também defende o personagem, que, para ele, não é mesquinho ou calculista, mas vítima de suas próprias escolhas. “Charlie feriu as pessoas por não ser direto, não ser autêntico, e agora vive uma batalha consigo mesmo. Ele deixou de lado acertar as contas com as pessoas que amava e agora pode ser tarde demais para fazer isso. Quando diz aos seus alunos que precisam encontrar uma maneira de dizer a verdade, no fundo, ele está falando isso para si mesmo.”
Aronofsky confessa que sempre esteve próximo de Fraser durante todo o processo a fim de protegê-lo, pois sabia que, ao entrar no personagem, o ator também ficaria muito fragilizado emocionalmente. “Há uma espécie de casamento entre o poder das palavras do roteiro e a coragem da interpretação de Brendan. Conversamos muito sobre como queríamos aproximar, mas também afastar o público do personagem.”
“Preconceito contra obesidade é uma das últimas fronteiras das maneiras de uma pessoa menosprezar a outra. Muitas vezes, as pessoas do tamanho de Charlie são invisíveis, vistas apenas por suas famílias e cuidadores. É uma forma de silenciamento. Conversando com essas pessoas, percebi que, como qualquer um, elas querem ter suas histórias contadas, e serem tratadas de maneira justa e honesta. Isso tudo foi um impulso para me levar à autenticidade do personagem”, conclui Fraser.
A equipe artística de A BALEIA inclui também o diretor de fotografia Matthew Libatique (Cisne Negro, Homem de Ferro 2); o compositor Rob Simonsen (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo); o montador Andrew Weisblum (A Crônica Francesa); a diretora de arte Jurasama Arunchai (Amor, Sublime Amor); e o figurinista Danny Glicker (Milk: A Voz da Igualdade).
A BALEIA será lançado no Brasil pela California Filmes.