
No Dia do Trabalhador, em que se celebra a luta e a resistência de quem move o país com seu esforço diário, A MELHOR MÃE DO MUNDO, o novo filme de Anna Muylaert, surge como um retrato emocionante da força das mulheres que enfrentam a precariedade e a violência em busca de dignidade e proteção para suas famílias. Com produção da +Galeria e Biônica Filmes, o longa chega aos cinemas brasileiros em agosto deste ano.
Estrelado por Shirley Cruz e Seu Jorge, o longa narra a jornada de Gal, uma mulher catadora de materiais recicláveis nas ruas de São Paulo. Fugindo de um marido abusivo, Gal atravessa a cidade empurrando a carroça com seus filhos pequenos, Rihanna e Benin, tentando transformar a fuga em uma grande aventura aos olhos das crianças. O filme transforma a história de Gal em um retrato social contundente sobre o que significa ser trabalhadora e mãe no Brasil contemporâneo.
A coleta seletiva no Brasil, que movimenta toneladas de resíduos todos os dias, é sustentada por um exército de trabalhadores invisíveis, em sua maioria mulheres. Essas mulheres, que muitas vezes atuam de forma informal, têm uma jornada extenuante de coleta, triagem e separação de materiais recicláveis, desempenhando uma função crucial para o meio ambiente ao evitar o acúmulo de lixo e contribuir para a indústria da reciclagem. Além disso, elas enfrentam uma dupla carga: a responsabilidade pelo sustento da família e o cuidado com os filhos, frequentemente em condições de precariedade. Mesmo assim, essas mulheres criam redes de apoio entre si e continuam a lutar por reconhecimento e melhores condições de vida, tornando-se protagonistas de uma das atividades mais importantes para a sustentabilidade urbana. Dados do CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) revelam que mais de 90% do material reciclado no Brasil passa pelas mãos destas trabalhadoras.
Para criar a história de Gal, a diretora Anna Muylaert conviveu com mulheres catadoras de lixo e conheceu as suas histórias “Fui para Cooperativa do Glicério, um dos lugares mais marcantes que já fui nessa vida. A gente vê o avesso do consumismo capitalista, com latas de Coca Cola e caixas da Apple misturadas em centenas de sacos pretos de plásticos. Um cheiro forte, especialmente em dias de sol.”, relembra a diretora. “Daí comecei a puxar conversa com as recicladoras, comecei a conversar, saber mais sobre aquele trabalho, quanto tiravam por mês e outros detalhes. Fui criando uma relação com elas e escrevi a história a partir da minha imaginação, mas já com a materialidade dessas mulheres na cabeça.”
A escolha de retratar essa realidade no filme A MELHOR MÃE DO MUNDO vai além de um simples gesto de reconhecimento. O longa-metragem coloca no centro da narrativa aquelas mulheres que, historicamente, nunca tiveram visibilidade – as que transformam o lixo em sustento e a exclusão em força. O filme se configura, assim, como um ato político, ao dar protagonismo a essas heroínas silenciosas da economia circular. Neste Dia do Trabalhador, a história de Gal é um lembrete poderoso da bravura cotidiana que raramente é reconhecida — mas que merece ser celebrada todos os dias.
Assim como em “Que Horas Ela Volta?”, onde abordou a desigualdade a partir da perspectiva de uma empregada doméstica, Muylaert volta seu olhar para as trabalhadoras invisibilizadas que mantém as engrenagens sociais funcionando. Em A MELHOR MÃE DO MUNDO, a carroça de Gal — carregada de sonhos, medo e coragem — é também símbolo de todos os trabalhadores que, apesar das duras condições, seguem em frente para garantir um futuro melhor para suas famílias.
O drama, que teve sua estreia mundial na 75ª edição do Festival de Berlim e conquistou prêmios em festivais franceses como La Fiesta Del Cine e CinéLatino Toulouse, é uma potente homenagem às mães trabalhadoras, especialmente àquelas que, como Gal, resistem diariamente em condições adversas. A obra será exibida nacionalmente como filme de abertura do CINE PE, no dia 9 de junho em Recife, e estreia nos cinemas brasileiros em agosto com distribuição da +Galeria.