Nos anos 80, uma turma carismática e musical conquistou os corações de crianças e famílias por todo o Brasil. A turma do “Balão Mágico” foi um fenômeno da cultura infantil que marcou uma geração e se tornou um verdadeiro sucesso. Quarenta anos depois, Simony, Tob, Jairzinho e Mike se reencontram para relembrar a trajetória e contar histórias inéditas na série documental “A Superfantástica História do Balão”, que também aborda temas relevantes, como a exposição pública e o impacto da fama precoce, questões que ressoam nos dias atuais, em um contexto de influenciadores digitais e redes sociais.
Para o editor da série, Ricardo Terdiman Lerman, que também foi responsável pela edição de “Pacto Brutal: o assassinato de Daniella Perez”, indicada para o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro como melhor série documental, essa reflexão sobre as consequências e os desafios enfrentados pelos envolvidos foi algo marcante. “Isso nos leva a pensar na exposição exacerbada que temos com a internet nos dias de hoje. Ao longo da edição, pude ver o nascimento de muita coisa atual naquela época e também as consequências que isso trouxe para todos os envolvidos. Inclusive, em um momento do documentário, alguém menciona o Balão Mágico como uma espécie de influenciador digital numa época analógica”, comenta Lerman.
Dividida em três episódios, que já estão disponíveis no Star+, plataforma de serviço de streaming por assinatura, a produção mostra como foi o desenrolar da história do grupo e como isso marcou cada um dos integrantes de maneira diferente, já que as crianças trabalhavam como adultos em uma época sem tantas regras e controles. A série discute também quais as implicações dessas questões para os envolvidos.
Os diretores, produtores e editores dedicaram boa parte do tempo para refletir sobre a abordagem mais adequada para contar a história, incorporando toda a intensidade e frenesi da década. Período marcado por uma mistura de euforia devido à abertura democrática, a empolgação com novas formas de entretenimento e, no contexto da série, o reconhecimento da importância do público infantil como uma fatia significativa do mercado de consumo no Brasil.
Ser editor de uma grande série documental sobre um dos maiores ícones do país é uma posição de extrema importância e responsabilidade, pois a função desempenha um papel fundamental na criação e finalização do produto final, ajudando a moldar a narrativa, a estrutura e o estilo visual do documentário. Ricardo trabalhou na edição de todos os episódios de “A Superfantástica História do Balão”. “Especialmente no primeiro, contribui para tentar chegar nessa linguagem e estética que estivessem de acordo com a história que seria contada, depois isso foi aplicado aos outros episódios. O Balão teve toda essa trajetória, que envolveu muito carinho, qualidade musical, aprendizado, mas também excessos, traumas, arrependimentos e loucuras da década. Acho que a edição conseguiu dar conta de passar isso de uma forma pertinente que eu me orgulho”, afirma o editor.
A edição também aproveitou a linguagem do VHS, algo que foi muito marcante na época. Uma ideia, que de acordo com Ricardo, deixou a série com a cara caótica da década. “Usamos referências ligadas ao formato de vídeo, que eram bem comuns para a época, como quando as imagens do aniversário de alguém invadiam uma gravação do programa de culinária que foi gravado na mesma fita. A forma da edição ajudou a contar uma história que ainda tem ressonância afetiva para muita gente”, explica o editor, que revela que fazer esse trabalho foi algo desafiador. “Além da importância do fenômeno musical e televisivo, que por si só já gerava uma expectativa grande do público para o documentário, era importante encontrar uma linguagem que estivesse em sintonia com a década de 80, que também foi muito marcante no Brasil e no mundo”, finaliza Ricardo.