
Com cartaz inédito criado pelo ator e ilustrador Matheus Tchôca, de Olinda, e pela designer Carla Sarmento, do Recife, o filme “Transe”, dirigido por Anne Pinheiro Guimarães e Carolina Jabor, chega hoje ao Cinema da Fundação/Porto (Cais do Apolo, 222 16º andar), com sessões que vão até quarta-feira, 29 de maio. Os artistas trabalharam juntos também na segunda temporada de “Lama dos Dias”, do Canal Brasil, dirigida pelo também pernambucano Hilton Lacerda: Tchôca interpreta EZK e Carla fez a direção de arte e a cenografia da série.

Em uma mistura de ficção e documentário, “Transe” registra a polarização política às vésperas das eleições presidenciais de 2018. Protagonizado por Luisa Arraes, Johnny Massaro e Ravel Andrade, o longa conta uma vertiginosa história de amor dentro deste cenário.
Com cenas rodadas entre as manifestações do #EleNão e o resultado das eleições de 2018, “Transe” usa o contexto nacional como engrenagem para os encontros e desencontros da personagem de Luisa, que se depara com a possibilidade de um candidato de extrema direita chegar ao poder. Em meio às reivindicações pelos direitos das mulheres e à liberdade do amor, a jovem percebe que vive numa bolha e que a realidade é mais complexa e, por vezes, mais assustadora.
O filme é definido pelas diretoras como um coming of age da política, ao retratar o cenário social brasileiro de seis anos atrás, do ponto de vista de uma nova geração de jovens brasileiros.
“A escolha dos personagens jovens foi uma forma de retratarmos o olhar de uma parte de nós, da esquerda. Através do olhar inocente de jovens que nunca tinham vivido um embate com uma oposição tão contrária a tudo que acreditavam, estamos mostrando também certa ingenuidade que todos nós estávamos vivendo naquele momento”, comenta Carolina Jabor.
“Transe” é resultado de um processo colaborativo de investigação e questionamento sobre as complexidades do momento que estávamos vivendo.
“Nós nos encontrávamos todos os dias e íamos escrevendo a partir dos acontecimentos que se apresentavam durante a campanha presidencial. Em seguida, saíamos para filmar com uma equipe mínima a partir desses encontros. Criávamos as situações, conversávamos muito com o elenco sobre a cena e deixávamos eles improvisarem com suas visões sobre o que estávamos encenando. Foi uma experiência muito nova e diferente para todos nós, rica e exaustiva, no sentido de que todo o processo foi muito vivo e aberto a sugestões e ideias no calor dos acontecimentos”, revela Anne Pinheiro Guimarães.