Mais conhecido como Krust, ele é autodidata e um dos melhores VJs do país, com certeza você já viu o trabalho dele em algum show ou festival de música. Hoje, seu sonho profissional é ter a oportunidade de mostrar tudo que sabe na Tomorrowland!
Seu interesse por design gráfico e web design começou por volta dos 16 anos.
Inicialmente, seu foco era a criação de sites, e ele logo começou a bombar com umas interações feitas através do antigo Macromedia Flash (atual Adobe Flash), o que achava incrível.
Sua dedicação era tão notável, que mesmo na adolescência, por muitas vezes ele chegou a escolher ficar em casa e estudar, abrindo mão de algumas atividades típicas da adolescência.
Foram muitas noites dedicadas aos estudos, e ele usava o computador de seu irmão, pois ainda não tinha um próprio.
Pouco tempo depois, Felipe Krust começou a atender seus primeiros clientes, embora admitisse que estava aprendendo enquanto trabalhava, o que tinha um toque de humor. Contudo, aos 18 anos, ele conseguiu estabelecer um sólido portfólio, construiu seu próprio site do zero, e até mesmo aprendeu a fazer programação em linguagens como HTML, CSS e PP, aprimorando suas habilidades.
Foi nessa fase, que Krust se lançou oficialmente como designer gráfico e web designer, expandindo seu alcance e se tornando uma presença reconhecida na área.
Sua primeira oportunidade de trabalho foi o website Rádio Annimix, por volta dos anos 2000, época em que rolou uma febre de web rádios, ele fazia parte do nicho, e considera como um “trabalho feito de fã para fã”. O layout desenvolvido para o site foi de tanta importância para ele, que acabou se motivando ainda mais na área.
Alguns anos passados e após muitos trabalhos desenvolvidos, Felipe começou a trabalhar como VJ por ser muito fã de música, no geral, e principalmente por ter experiências muito legais nos shows olhando os telões,, “Um Dia quero dar essa experiência diferenciada pra alguém na pista, só de olhar os telões.” – comenta.
Pouco tempo depois, conseguiu dominar a cena da música eletrônica, trabalhando lado a lado com grandes DJs e produtores.
Ao ser questionado sobre como funciona o trabalho numa balada ou num grande festival de música, Krust comenta que os artistas com quem fez audiovisual geralmente já o conhecem e confiam em seu trabalho, o que torna ainda mais fácil de ter liberdade para trabalhar.
“Eu trago uma apresentação de um conceito em todo audiovisual que faço, nada é só “abstrato” ou “só bonito”. Sempre tem uma historinha por trás de tudo. Esse conceito vem mesclado com o gosto/preferência do cliente, somando com a sua identidade visual.”, comenta.
Ao ter sua marca reconhecida em um trabalho recente, na apresentação de 4horas do set do DJ e produtor Mochakk na Laroc em Valinhos, o qual não havia anunciado publicamente até aquele dia, Felipe Krust é modesto e conta como foi este momento na sua carreira:
“Essa é uma das coisas que mais me deixam feliz, disparado. Eu acho que meu maior sonho hoje como pessoa e profissional é deixar um legado: seja como pessoa em minhas atitudes boas, a energia, os sorrisos… como também profissionalmente. Eu sempre tento trazer uma apresentação diferente do que tá acontecendo no mercado, justamente pra sair da caixinha, de mostrar que é possível fazer de diferentes jeitos – nunca quero dizer que o meu é melhor, só de que dá pra fazer diferente e isso pode trazer experiências insanas. “, comenta o especialista em audiovisual.
“Eu tenho um monte de memórias no coração de gente me marcando em post falando “vc que fez né?” (até mesmo pra visuais que nem fiz, mas que eram muito bons) ou mensagens do tipo “mano, que falta você faz num show!”, “queria que fosse você fazendo os telões”. Essas definitivamente são mensagens que valem mais que 1 cachê. Eu sempre posto conteúdos explicando o que faço nas redes sociais mais pra galera ter mais carinho e valorização pra TODOS os telões em shows. Porque assim, acredito que todos saem ganhando, não só eu. O artista que tá se apresentando – o maninho que instalou o painel – o vj, todo mundo.“, complementa.
“E é esse o legado que quero criar: o Felipe Krust era piroquinha das ideias e sempre fazia uns telões muito diferentes, é por causa dele que hoje presto atenção nisso.”.
Em junho de 2023 Felipe Krust foi reconhecido pela Câmera Legislativa do Distrito Federal pelo seu trabalho.
No páreo em 3 categorias do Prêmio Profissionais da Música, o VJ foi premiado como ‘Melhor Diretor de Videoclipe’, e ainda concorreu para ‘Melhor Designer’ e ‘Melhor Videoclipe’.
“Eu estava muito confiante e querendo o prêmio de Melhor Designer por ser mais minha praia e há tanto tempo. Mas infelizmente não venci nessa. E esse anúncio veio logo no começo da premiação, aí já fiquei todo triste. Eu sabia que tinha potencial nas outras duas que estava concorrendo, mas não estava tão confiante. No fim, acabou vindo o prêmio de ‘Melhor Diretor de Videoclipe’ – o que é incrível também, especialmente porque sou autodidata e tudo que apliquei nesses videoclipes foram 100% da minha ideia e sem muitos recursos. Ter um documento desses em casa diretamente da Câmara Legislativa foi surreal. Vi todos os anos suando a camisa pra entregar algo diferenciado valer a pena. Poder dedicar esse prêmio pra minha mãe – que sempre me apoiou e esteve comigo – foi algo especial”, conta o VJ.
A visibilidade de receber um prêmio desse agrega valor e reconhecimento no mercado, mas como é algo recente, Krust comenta que ainda não consegue calcular os frutos que vieram a partir disto.
Um dos momentos mais marcantes em sua carreira de VJ, foi ao ser convidado para fazer os visuais no Lollapalooza 2018, neste momento aconteceu a virada de chave em sua história.
Ele havia trabalhado no até então maior festival de música de São Paulo de 2014 à 2016, Lollapalooza, como designer/coordenador de redes sociais na T4F – empresa que operava o festival no Brasil na época.
“Chegar lá como artista, vendo todos os antigos colegas de trabalho me recebendo – agora não mais como “peão” (kkk) e sim como artista, foi quando pensei que tava subindo o level mesmo. Depois disso tive mais 2x no Lolla, e sempre vai ser uma sensação incrível estar lá por conta desse “upgrade” na vida.”, comenta.
Hoje, Krust é um dos três VJs no comando das operações do palco New Dance Order, na primeira edição do festival The Town, no Autódromo de Interlagos em São Paulo.
Junto com o VJ Erms (que já faz turnê com Vintage Culture e Só Track Boa), e também com o VJ Spetto, Felipe Krust coloca a galera para viver uma experiência diferente nos telões de um dos palcos já conhecidos do Rock in Rio.
O convite para participar desse trabalho no festival, surgiu a partir do Vj Erms, com quem já tinha trabalhado no Primavera Sound São Paulo 2022, e estava ansioso para dividir a “house” novamente, “…Fiquei na expectativa de trampar com ele novamente, porque além de ser um gênio, sempre aprendo com ele, me traz também experiências acima da média em questão técnica/responsa.”, afirma.
Mas essa oportunidade não caiu do céu, Krust já se arriscava em ir atrás dos seus sonhos de qualquer maneira, e no ano passado, ele fez um vídeo para a NVIDIA, comentando que seu sonho era trabalhar com o pessoal da United VJS – coletivo do VJ Spetto com o VJ Erms, e pouco tempo depois aconteceu, eles estavam fazendo o Primavera Sound e agora estão juntos pela segunda vez trabalhando no The Town 2023.
A preparação para as longas horas de trabalho no festival começa sempre com uma oração, segundo Felipe Krust, que complementa dizendo que “…Se Ele não tiver alinhado comigo nada dá certo. … Eu geralmente fico MUITO nervoso independente do show ou lugar, e essa importância me leva a bons resultados”.
No The Town, o trio de VJs tem liberdade para operar os visuais reativamente nos sets onde os artistas não têm VJ ou conteúdo próprio. Já para os artistas que tem conteúdo, eles apenas colocam na programação, e por último, os artistas que têm seu próprio VJ, eles auxiliam providenciando todas as conexões e configurações que eles precisam para operar.
A colaboração deles acontece com apresentações divididas em blocos ou vão intercalando, acaba dependendo do dia.
E para quem pensa que um festival começa no primeiro dia de shows, está enganado. Para o trio de VJs, a preparação começou 2 meses antes. E, ainda acontece alguns dias antes: o evento teste, onde tudo funciona simultaneamente pela primeira vez, e é um dos dias mais tranquilos, pois acabam projetando um show só, “…Tava só ansioso pra saber como ficaria o palco pessoalmente e ficou lindo (parabéns a todos da técnica e Claudio Miranda idealizador do mesmo)” – Felipe Krust.
Já no primeiro dia do festival, o VJ premiado sofreu um pouco com a ansiedade, inclusive uma de suas amigas, que acabou tendo até uma gastrite nervosa.
O projeto desenvolvido para este dia foi bem especial, e ele nos contou um pouco mais sobre:
“O show do Klean vs. Klap que rolou 16h35 no The Town teve os visuais todos assinados por mim, e já tínhamos divulgado essa collab antes, os caras são meus amigos e ao mesmo tempo sou fã deles… então havia uma expectativa boa. Além disso, queria fazer bonito no primeiro dia de festival. E conseguimos!”, se vangloria.
“Quisemos aproveitar o nome que foi dado pra esse b2b no lineup de “versus” trazendo uma temática de game – aproveitando que somos nós 3 nerdolas, hahahah e que também tá em auge os esports e toda linguagem gamer. Trouxe um clássico dos fliperamas que é o “Marvel Vs. Capcom: Clash of Super Heroes” como principal referência pra montar uma interface similar integrada ao design de palco do New Dance Order.”, comenta.
“A ideia era fazer eles “duelarem” mas que não fosse algo “um contra o outro” e sim, um showmatch onde quem ganhava era o público com uma apresentação muito foda!
Cada DJ teria seus poderes (Klap: raios/trovões e ventos || Klean: fogo e água) e eles se misturaram quando tivessem tocando músicas em collab, assim como quando fossem seus momentos individuais, estes poderes se sobressaiam. Além disso, tinha “barrinha de especial” pra simbolizar quando esses momentos individuais viriam e tocariam uma sequência de música. Teve até os fundos, as “telas”, personalizados com suas cidades (Brasília – DF / Itarantim – BA) em “pixelart” como se fosse cenários dos jogos.”
“Ainda teve outras interações como “contador de ‘toma toma’” em formato de hits de combo, cenários extras como “bonus game” e outros efeitos especiais de jogos.
Esse foi um audiovisual bem diferenciado para o palco, que trouxe toda uma linguagem mais abstrata e imersiva. Fiquei muito contente com o resultado dele, repercutiu muito bem e os artistas ficaram muito contentes também.”
E, um passarinho cantou pra gente, que não para por aí! Ao ser questionado sobre ter algum tipo de intervenção/colaboração no projeto de algum outro palco do The Town, Felipe Krust conta que vai acontecer! O spoiler que ele nos deu, é que vai rolar no último dia, mas não pôde compartilhar o que, em qual palco ou horário exato deste feito.
Mas para os fãs que estiverem espalhados pelo festival, vai ser fácil identificar o trabalho dele, com certeza.
Se você ainda vai ao The Town nesse final de passa, aproveita e dá uma passada pelo palco New Dance Order, para conhecer mais de perto o projeto desse cara que está em ascensão na cena.
“Um salve especial para todos os VJs, que essa entrevista seja um incentivo e uma porta de visibilidade pra profissão em si – e não só pra mim! A meta é ver todos os profissionais sendo valorizados pelo seu esforço e talento. Que a gente possa continuar somando em shows sintonizando a música com uma experiência visual que marque tanto quanto o som. Continuem valorizando os telões em todo rolê!
E um agradecimento especial novamente ao VJ Erms e o VJ Spetto da United VJs por me dar mais essa oportunidade de somar com eles, lendas do vjing. Tamo junto!”. Felipe “Krust” Braga
