Representatividade, estereótipos nos games e os desafios para aumentar o número de negros na indústria de jogos foram as perguntas norteadoras do evento “Representatividade Negra nos Games”, organizado pelo Conselho da Diversidade da Abragames, na Unibes Cultural, no dia 07 de Agosto.
Os dados do II Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, divulgado em 2018, demonstram que dentre as 375 empresas formalizadas, ou seja, com CNPJ, 55,5% não tem nenhum afrodescendente no time. Segundo Ivelise Fortim, uma das pesquisadoras do Censo, o estudo optou pelo termo afrodescente pelo fato da pesquisa ser respondida pelos sócios e equipe de recursos humanos, e não seria autodeclarado como é no IBGE.Com os dados expostos, o debate foi aberto! Simon Gamboa, da Tapps Games, foi o mediador que provocou, no bom sentido, os participantes com as perguntas norteadoras. Para Zé Wilson, do estúdio Pix Juice, atitudes simples como uma skin negra ou um cabelo afro fazem uma diferença enorme para uma criança ou adolescente negro que joga. O desenvolvedor ainda falou sobre a toxicidade de representar vilões com a cor negra. “É preciso mudar o mindset dos desenvolvedores que insistem em associar o vilão à cor negra, pois isso é muito prejudicial para a autoestima dos negros”, afirmou Zé Wilson.
Em relação a aumentar a presença dos negros na indústria de games, a solução pode ser mais simples do que parece. Para Raquel Motta, Sue The Real, as empresas devem procurar por profissionais em outros lugares, como nas periferias. “Para aumentar a representatividade racial na empresa, basta mudar o local em que se procura os profissionais e investir em capacitação”, recomenda Raquel Motta.
O evento contou ainda com a participação de desenvolvedores do Recife, Lucas Berto, PUGA Studios, e de Salvador, Cristhyane Ribeiro, Sinergia Games, que gravaram vídeos comentando estas questões.
Ao fim do debate, o público pôde jogar Angola Janga: Picada dos Sonhos, uma adaptação do livro HQ Angola Janga – Uma história de Palmares, de Marcelo D’Salete, desenvolvido pela Sue the Real.
Selo de Apoio e Incentivo à Diversidade Racial na Indústria de Games
No evento, o Conselho da Diversidade da Abragames lançou o novo selo de Apoio e Incentivo à Diversidade na Categoria Diversidade Racial. Agora, empresas associadas à Abragames, eventos e patrocinadores podem solicitar o selo de raça. Para obter a certificação, é preciso cumprir a cota de 10% de pessoas negras e indígenas no quadro da empresa ou no evento.Para Simon Gamboa, representante negro do Conselho da Diversidade e um dos autores do selo da Diversidade Racial, 10% é um número baixo quando se tem 54% de pessoas negras ou pardas no país, segundo dados do IBGE. “Porém, na indústria de jogos, a presença deste grupo ainda é muito baixa e queremos começar a mudar isso e incentivar empresários e equipes a incluir este grupo da população em suas equipes”, explica.
O Selo de Apoio e Incentivo à Diversidade na Indústria de Games está disponível nas categorias LGBTQI+, Gênero e Raça.
O próximo debate do Conselho da Diversidade acontece no dia 04 de setembro, na Unibes Cultural, e o tema será Representatividade Feminina nos games.
Sobre a Abragames
Criada em 2004 por um grupo de empresas de desenvolvimento, a Abragames, Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais, surgiu como uma entidade sem fins lucrativos e com o objetivo de fortalecer a indústria nacional de desenvolvimento de jogos. www.abragames.org
Sobre o Conselho da Diversidade
O Conselho da Diversidade da Abragames foi criado em outubro de 2018 e é formado por um grupo de mais de dez profissionais da indústria de games de empresas associadas à Abragames. O objetivo é promover ações que ajudem a difundir a cultura do respeito e da igualdade nos ambientes de estudo e trabalho da indústria de jogos em território nacional. A difusão se dá por meio da oportunidade de inclusão e, consequentemente, maior representação, do grupo aqui descrito como minorias representativas: composto por mulheres, cis e trans, pela comunidade LGBTQI+, pessoas negras e de outras etnias e pessoas portadoras de deficiência