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Início Críticas Crítca com Spoilers | Emília Pérez

    Crítca com Spoilers | Emília Pérez

    Imagem: Reprodução
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    É quase impossível separar os problemas externos envolvendo o filme com o produto em si. Uma vez que isso afeta diretamente o resultado final, seja em atuações, roteiro, montagem, representatividade do país. O longa mescla essa abordagem dramática com musical que não existe nenhum sentido da união. Parece pagar de diferente e impressionar gringo com sequências ousadas e desconstruídas em um musical, porém o resultado são montagens totalmente desconexas entre si, beirando a vergonha alheia.

    E quanto ao chamativo do filme, as canções, é um misto de vergonha alheia com aceitável. Existem casos pavorosos de sequências totalmente jogadas no filme com essa ideia de música sussurrada que funciona em alguns momentos, seja em algo mais suave como a personagem da Emília cantando com seus filhos, mas aqui existe o pior cenário possível também. Momentos como a ida de Rita em busca de um médico, beirando esquete de programa de humor ou os momentos vergonhosos da Selena Gomez em situações totalmente deslocadas e cantando é único. E não só pelas canções mal escritas em sua maioria, mas uma falta de noção em relação a montagem do filme, existindo muitos cortes rápidos e uma passagem ridícula do drama para direto com o musical, não existe uma preparação aqui, é instantâneo em sua maioria.

    Mas a parte ruim não fica apenas no musical, por mais que a história consiga te interessar até o final, por mais que não exista muito o que dizer aqui. O longa traz um problema ao trazer uma personagem inicialmente homem e após sua mudança de sexo, ele tenta criar um arco bizarramente fraco em sua redenção, ao transforma-la em uma fundadora de uma ONG em prol dos desaparecidos por conta do cartel. É um arco tão forçado e não existe uma linha condutora dessa mudança, um problema justamente ligado com as constantes tentativas de musicais no meio da narrativa, não existe algo orgânico aqui, e no final quer empurrar uma santidade com a Emília, uma redenção para um ex narcotraficante.

    Quanto as poucas coisas que salvam aqui, as atrizes Zoe Saldana e Karla Sófia parecem realmente abraçar o filme, seja em questão de fisicalidade e nas performances musicais. Na música mais chamativa do filme “El Mal” existe até um charme na gesticulação da atriz e sua música sussurrada, porém o tratamento com a língua em questão de ritmo é muito estranho, fora a montagem não saber criar um ritmo interessante, isso evidência não só o trabalho fraquíssimo como um todo, mas esses problemas externos que estão sendo levantados em torno de seu processo criativo.

    E o trabalho mais deprimente aqui seja infelizmente da Selena Gomez. É um papel totalmente descolado durante o filme, sua dificuldade em pronunciar a língua espanhola é nítido e em cantoria é pior ainda. As duas sequencias principais envolvendo sua personagem é a mistura bizarra de falta de pronuncia da língua, música sussurrada e coreografias pra lá de engraçadas, fora serem momentos que não agregam em nada com a trama principal. E além disso, o tratamento com a mesma de maneira dramática é muito raso, ficando apenas ligada a gritarias e uma falta de desenvolvimento com a Emília, que apenas no final é abordado, mas já é tarde demais.

    E os problemas externos do filme, como citados antes, acabam que afetando toda a obra. Seja a prepotência do diretor e equipe ao não buscar o melhor tratamento possível com o país que está sendo representado. Ou uma procura de atrizes realmente mexicanas para evitar situações como da Selena Gomez que foi mais chamada por seu talento musical e figura popular que é, porém empurrada com um idioma que não compreende. Sendo que a melhor representatividade do filme fica na canção “Para” e um bom uso da imagem do povo e sua luta, porém inserido em um filme que não faz jus nem um pouco com isso. Fora a cena final que é bonita em questão de música(uma das poucas) e junção da cultura mexicana.

    Mas é isso. Um filme com diversos problemas, sejam internos e externos. Mas o principal, como uma obra audiovisual é fraco, ele consegue despertar um interesse com o telespectador, de querer saber aonde essa bagunça vai chegar. E no final é o puro suco do inacreditável, simplesmente matando duas das personagens do elenco principal numa explosão de carro e a Zoe Saldana terminando cuidando dos dois filhos de Emília, algo que busca a surpresa, mas beira o anticlimático e apressado no pior sentido possível. É um amontoado de cenas apressadas que são coroadas do simples fato de ainda ter um musical com diversas performances sem ritmo e mal coreografados.

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    ANÁLISE GERAL
    NOTA
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