sex, 3 maio 2024

Crítica 02 | Oppenheimer

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É surpreendente Oppenheimer (2023) se revelar mais como uma trama política do que uma biografia completa sobre seu personagem. É um filme que funciona de maneira crescente com sua história e acontecimentos. E seja por bom ou por mal, o diretor Christopher Nolan justifica o espetáculo a ser assistido no cinema, mesmo que seja ainda um pouco engessado em seus termos.

Oppenheimer contará a história real de J. Robert Oppenheimer, um físico teórico que se tornou o diretor do Laboratório de Los Alamos, chefiando a pesquisa e o desenvolvimento da bomba atômica que encerrou a Segunda Guerra Mundial, sob o que foi secretamente chamado de Projeto Manhattan.

O longa tem um começo, ou melhor, sua primeira hora bastante restritiva e até mesmo jogada. Somos inseridos em diferentes linhas do tempo: desde o presente (sua vida acadêmica), seu interrogatório particular e até chegar no ponto de vista de Lewis Strauss (representado pelo preto e branco). De verdade, demora um tempo até conseguir associar o período correspondente com cada cena, é uma bagunça na narrativa. Informações vão sendo jogadas e o telespectador precisa aceitar de cara a vida do Dr. Oppenheimer. São muitos detalhes que são jogados com sua apresentação, vamos assimilando os acontecimentos iniciais e a direção espera que logo de cara aceitemos toda essa psique curiosa de Robert. É um início difícil para um história tão abrangente. Se aquela dificuldade de demonstrar emoção pura em seus filmes é algo bastante comum em sua filmografia, seu primeiro ato deixa claro essa barreira em querer cativar o público. Exemplo disso é seu breve romance com a personagem vivida pela Florence Pugh (bastante subutilizada aqui), é um período apresentado logo no início do filme, mas é tão jogado e pouco desenvolvido que custa abraçar essa história de amor não correspondido do casal, e não só isso, a figura dessa parceira amorosa de Robert é extremamente importante para sua vida, mas o filme opta por mostrar apenas o superficial.

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Felizmente da metade até sua conclusão, o filme começa a ganhar “corpo”. Tudo começa a ficar mais claro, seja no thriller político instaurado ao decorrer da obra, mas também em toda essas construção da jornada de Robert até seu fatídico momento de criação da bomba atômica. Os devaneios de nosso protagonista ganham uma camada ao avançar da história, misturando alucinações ao sentimento de culpa e medo. Somos apresentados em cenas puramente do personagem tendo pesadelos acordados, é uma ótima adição para a imersão do filme. As diversas explicações ao longa da trama não passam aquele sentimento desnecessariamente didático dos outros filmes do diretor, e acabam que necessários- muito por conta dos diferentes contextos, sejam políticos ou químicos.

E enquanto o diretor apresenta aquela dificuldade de criar emoção ou empatia com alguns personagens, o real domínio de Nolan é na criação da atmosfera. Ele se utiliza muito bem da mistura de imagem e som, justificando a ida ao cinema. E mesmo que alguns momentos pareça que ele esqueceu a música ligada no máximo ao fundo do filme, a sensação de imersão é bastante notória em algumas cenas importantes do filme, até mesmo cenas bastante simples de lapsos de memórias do protagonista ou até mesmo a união de duas imagens conseguem ajudar a obra. E Obviamente falando da tão comentada cena de explosão nuclear sem o uso de computação gráfica. O resultado é realmente impressionante, é a junção entre a excelência da tensão e apreciação do audiovisual.

Em seu Thriller político, Nolan cria diferentes pontos de vista ao decorrer da história, mesclando entre o bom e o confuso ou mal desenvolvido. A própria trama envolvendo o preto e branco ganha força apenas no final, com toda a verdade sendo revelada- fica um sentimento de ter sido pouco desenvolvido em meio tantos e tantos fatos para se contar ao longo da história, apesar do bom truque de confusão do personagem do Robert Downey Jr. com uma bobagem mal interpretada.

E mesmo que tenha uma falha aqui ou ali, tanto em desenvolvimento de sua narrativa quanto na criação do drama entre seus personagens. O longa é uma crescente interessante, trazendo pensamentos da ganância humana e principalmente a soberba, paranoia e egoísmo que a guerra causa. Atores como Cillian Murphy,  Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr e até a pouca explorada Florence Pugh justificam o elenco pesado que o filme possuí. O diretor Christopher Nolan cria uma obra longe da perfeição, mas que pelo menos faz jus ao momento tão importante, triste e emblemático da história da humanidade.

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