sáb, 11 janeiro 2025

Crítica | 12.12: O Dia

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Após o assassinato de Park Chung-hee, em 26 de outubro de 1979, a Coreia do Sul mergulhou em um período de turbulência política. Esse período culminou com a ascensão do General Chun Doo-hwan ao poder como novo ditador militar, resultando em repressão aos cidadãos, incluindo o Massacre de Gwangju em maio de 1980. Diversos filmes já tentaram abordar a política sul-coreana entre 1979 e 1980, e apesar de terem sido bem recebidos, suas tramas não refletiam fielmente os acontecimentos desse período.

Apesar de abordar uma série de eventos bastante complexos, o filme é envolvente e acessível, até mesmo para aqueles com pouco conhecimento sobre a política coreana. Isso não significa que o filme simplifique a história, pelo contrário, ele oferece uma visão precisa da Insurreição Militar de 12 de dezembro, que permitiu a Chun Doo-hwan assumir o controle total sobre o exército e o governo da Coreia do Sul.

12.12: O Dia apresenta dois campos opostos em relação ao golpe. Do lado dos iniciadores do golpe, está um grupo de oficiais de alta patente liderados pelo Major General Chun Doo-gwang (um análogo velado para Chun Doo-hwan, interpretado pelo veterano ator Hwang Jung-min). Aproveitando sua posição como chefe da investigação sobre a morte do falecido Presidente Park, Chun planeja prender o chefe do exército da Coreia do Sul, General Jeong (baseado no Jeong Seung-hwa da vida real), e assumir o controle do país sob a lei marcial.

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No entanto, Jeong sabe que Chun não tem boas intenções e nomeia um Major General leal e íntegro chamado Lee Tae-shin (baseado em Jang Tae-wan e interpretado por Jung Woo-sung) como comandante do Comando da Guarnição da Capital, que controla todas as tropas ao redor de Seul e seria crucial para impedir um golpe. Lee e outros oficiais ao seu redor representam aqueles que tentam evitar o golpe.

O filme documenta os eventos que antecederam o dia 12 de dezembro de 1979, concentrando a maior parte do seu tempo de execução nos acontecimentos desse próprio dia. Chun ordena que suas tropas prendam o General Jeong. Quando o golpe de Chun começa, o General Lee e seus aliados são pegos de surpresa pelas táticas astutas de Chun e precisam impedir que as tropas leais a Chun tomem os principais locais políticos de Seul antes que seja tarde demais.

Ao pintar dois lados claramente opostos e gastar esforço suficiente para caracterizar Chun e Lee com personalidades contrastantes – o primeiro perturbado e sedento de poder, enquanto o último é gentil e nobre – o roteiro enquadra o golpe de 12 de dezembro em termos de “bem contra o mal”, o que o público leigo pode facilmente internalizar. Além disso, o filme se destaca em criar pontos de tensão onde aqueles que não estão firmemente em nenhum dos dois lados devem escolher onde estão suas lealdades.

Existem momentos de dramatização – por exemplo, Lee em pé em uma ponte para bloquear uma coluna de caminhões ou ordenando que unidades de artilharia ataquem a praça central de Gwanghwamun em Seul – que ajudam os espectadores a entender os riscos em jogo.

Embora contenha algumas licenças dramáticas, o filme permanece bastante fiel ao registro histórico da Insurreição Militar de 12 de dezembro de 1979, e suas consequências. Detalhes importantes dos personagens, como Lee Tae-shin (representando Jang Tae-wan) se formar na Escola de Candidatos a Oficiais e ter um filho em idade universitária em 1979, são baseados na vida real – o filho de Jang Tae-wan foi misteriosamente assassinado após a tomada de poder de Chun na vida real. O papel da sociedade secreta Hanahoe, formada por ex-alunos da Academia Militar da Coreia que apoiam Chun, também é retratado com precisão.

Outros detalhes, como o presidente da Coreia do Sul assinando uma ordem de prisão do general Jeong “com efeito retroativo” em um pequeno protesto contra o uso de força por Chun, e o ministro da Defesa buscando refúgio em uma base militar dos EUA ao descobrir a tentativa de golpe, são igualmente precisos. Até a cena final do filme, onde os aliados vitoriosos de Chun tiram uma foto em grupo, é adaptada de uma foto real que Chun Doo-hwan e seus conspiradores tiraram após 12 de dezembro de 1979.

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Em resumo, 12.12: O Dia é um filme que proporciona uma experiência cinematográfica intensa. Não é comum encontrar um filme que seja historicamente preciso e ao mesmo tempo divertido, com direção habilidosa, atuações autênticas e uma trama bem construída. É uma obra que merece ser vista e apreciada.

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