sáb, 21 dezembro 2024

Crítica 2 | Top Gun: Maverick

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Faz 36 anos desde o último contato do público com Maverick, em Top Gun – Ases Indomáveis, período durante o qual ele subiu nas fileiras de tenente a capitão. Ele é o Dorian Gray da Marinha dos EUA, mantido para sempre jovem por seu talento para a insubordinação.

Quando Top Gun: Maverick começa, Pete “Maverick” Mitchell ignora as ordens e leva um Mach 10, um jato hipersônico, para dar uma volta no início da manhã, para a fúria do Almirante Cain (Ed Harris) que quer cortar o programa de Maverick para poder investir em drones. O voo que rompe os limites da Força G e suas consequências são uma referência da ousadia de Sam Shepard no final de Os Eleitos (1983). O novo Maverick em sequência, muito dele filmado no alto da madrugada escura dos céus, brilha com beleza genuína.

Repreendido e desonrado por suas travessuras em Mach 10, Maverick torna-se professor. Ele está de volta ao Top Gun, treinando os mais recentes figurões e preparando-os para um novo desafio, a princípio impossível – mas não para Pete. Os jovens guerreiros ansiosos da classe de Maverick são abordados por seus indicativos de chamada: Phoenix, Coyote, Payback, Fanboy e Bob. De particular interesse são Hangman – o arrogante estereotipado, retratado com alegria espirituosa por Glen Powell – e Rooster (Miles Teller), filho do Goose (Anthony Edwards), que morreu nos braços de Maverick no filme de 1986. A memória desse desastre é crua e cria um dilema: Rooster e Maverick resolverão suas diferenças e vão superar o passado?

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O diretor de fotografia Claudio Miranda e o diretor Joseph Kosinski tem o projeto em suas mãos, embora o criador olímpico seja sempre Cruise. De posse total da tela, o ator é o real mentor e alma de Top Gun: Maverick  no mesmo nível de controle que vem marcando cada vez mais a sua outra franquia de sucesso Missão Impossível.

Fazer uma ligação direta com um, a esta altura, tão icônico Top Gun é um risco grande que Kosinski e companhia se dispuseram a correr. A sequência faz pouco mais do que reorganizar os aviões na cabine de comando e muitas das sequências antológicas do filme original. As referências as vezes são diretas mesmo, ao exemplo da cena da festa no bar, enquanto o personagem de Miles Teller toca Great Balls of Fireno piano, igual ao pai. Para deixar tudo mais nostálgico, além de vários ângulos de câmera semelhantes, tem-se aqui o velho truque sentimental das fotos guardadas de lembranças e dos jogos na praia. temos a figura do Iceman (Val Kilmer), outrora um atleta rival, agora um comandante doente da frota.

Não há Kelly McGillis, que interpretou a amada de Maverick, e, infelizmente, não há também Meg Ryan como a esposa de Goose. O novo par romântico é Penny (Jennifer Connelly), referenciada de passagem no primeiro longa como filha de um almirante, que administra um bar e leva Maverick para velejar.

O triunfalismo do clima do filme – como é absurdo o enredo, que termina com uma briga de cachorros por terra e mar – é tão ilógico que chega a desarmar em suas investidas em conflito sincero, em oposição às do ar, que têm um toque cômico de playground. Uma característica cativante que mantém o espectador constantemente investido e que, especialmente em Top Gun: Maverick, funciona.

Projetado para atrair uma multidão para um soco coletivo de entretenimento, ele supera em muitos elementos o original, mantendo a virtude dos efeitos práticos na ação insana que se desenrola no céu. Top Gun: Maverick continua insistindo que este é o último post de Maverick, mas essa potência polida de filmes de ação é uma maneira divertida de voar para o pôr do sol. O  filme é uma homenagem a Tom Cruise, que, com Maverick, prova como não importa a idade ou a tecnologia no fim das contas. Quem decide não é o avião e, sim, o piloto.

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