dom, 22 dezembro 2024

Crítica | 365 Dias: Hoje

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Cheio de pecados, 365 Dias: Hoje, começa nos dando uma pista de qual será o maior deles: o roteiro. Ao invés de aproveitar o gancho do primeiro filme, o suposto “acidente de Laura”, e iniciar a peça com um pouco de drama, uma tensão, para dar uma aquecida inicial, opta por começar com mais um clichê: cena romântica e fora de contexto — que termina em sexo, e que leva ao casamento do casal dos protagonistas. Isso, já diz muito sobre o que vai ser o filme.

A obra — se é que podemos chamar assim — ambienta-se nos mais variados clichês. Sobre a vida na máfia italiana, a vida de recém casados, como é ser a mulher de um homem rico e importante, como é sair de uma vida simples para todo o luxo que o dinheiro pode comprar — em cenas que parecem ter sido retiradas de uma comédia romântica adolescente dos anos 1990.

Não podemos dizer, jamais, que o filme não entrega o que promete. Pois ele entrega, muito. Em comparação ao primeiro filme da sequência, 365 dias: Hoje foi “aprimorado”. Com cenas de sexo a mais, podemos dizer que o filme chega a ser um pornô refinado e disponível em streaming. Em muitos momentos da trama, a sensação de vergonha alheia dos atores chega a ultrapassar o limite do aceitável para o que poderia estar em um filme considerado “um sucesso”.

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O roteiro é fraco, previsível ao extremo, e não se amarra, nem sustenta, por diálogos entre os personagens — estes são ainda mais fracos. Óbvio ao ponto de trazer clichês até para as problemáticas narrativas. Traição em festas, irmão gêmeo desconhecido, funcionário misterioso… e por aí vai.

Outro ponto que se faz necessário pontuar nesta crítica é que exatamente tudo na trama é sexualizado, até as conversas durante um jantar de natal em família. O filme traz também algumas referências à franquia 50 Tons de Cinza, com takes bem parecidos em alguns momentos, e uma breve introdução do BDSM. No entanto, não chega nem perto do “primo rico” pela quantidade exorbitante de cenas de sexo, e grande falta de cenas narrativas para contar a história — que é contada em sexo, e só.

Apesar de tudo, a filmagem e a fotografia são boas, bonitas, e as vezes até prazeirosas de se ver — é a única coisa boa que o filme entrega. O filme investe bastante em (surpreendentemente) bons takes de câmera 360°, em locações que enchem os olhos e com peças luxuosas, para dar continuidade e movimento a trama — que se arrasta pelo roteiro fraco.

Devemos levar em conta, também, o esforço da produção para inovar um pouco, com relação ao uso de efeitos especiais — em câmera lenta — para dramatizar a cena final. No entanto, nos tiros, o sangue dos personagens, especialmente na protagonista, parece “explodir” antes mesmo da bala. A impressão é de que dá pra ver até os detalhes do “pó vermelho” que foi usado pra causar o efeito.

E, mais uma vez, o filme termina com o que pode ser um grande gancho para a sequência — tanto para incrementar o drama na trama, quanto para melhorar o roteiro. Só nos resta, enfim, esperar para ver se vão usá-lo a favor da franquia ou simplesmente descarta-lo, como fizeram com o anterior.

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Gabriela Castello Buarque
Gabriela Castello Buarquehttps://estacaonerd.com/
Jornalista com Minor em Cinema. Apaixonada por terror, preto, Halloween e mais um monte de coisa "estranha".
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