Durante uma viagem espacial, o astronauta Mills (Adam Driver) sobrevive a um acidente catastrófico e cai em um planeta desconhecido. No entanto, logo ele descobre que, na verdade, está preso no planeta Terra… 65 milhões de anos atrás. Para aproveitar sua única chance de resgate, ele e a outra sobrevivente Koa (Ariana Greenblatt) devem cruzar um terreno desconhecido e cheio de criaturas pré-históricas perigosas. 65 – Ameaça Pré-Histórica apresenta uma premissa instigante e criativa, mas conta com um desenvolvimento pífio.
A ficção científica que se passa no período Cretáceo tenta ser objetiva e contar sua história de modo direto, sem muita firula, mas todos os elementos apresentados não convencem. O primeiro deles é o acidente, que acontece do NADA! Em menos de 10 minutos, somos apresentados ao protagonista, descobrimos que sua filha está doente e já estamos no planeta onde se passa a trama. Não recebemos nenhuma informação que nos ajude a criar algum vínculo com o protagonista. No planeta, vemos que os sobreviventes precisam enfrentar uma jornada do ponto A ao B para se salvarem. Nenhum problema, afinal a produção deve investir em cenas de ação para contar a sua história de sobrevivência, enquanto desenvolve a relação dos personagens e os desenvolve. Certo? Errado! O que vemos aqui em 65 é apenas um conjunto de forçações de barra aqui e ali, que são inseridas apenas para que o espectador compre a ideia da desventura espacial.
Para piorar a jornada é maçante! O roteiro escrito pelos diretores estreantes Scott Beck (Perdido em Marte) e Bryan Woods (Um Lugar Silencioso) confunde um narrativa cadenciada, com uma onde absolutamente nada acontece. E quando acontece, o resultado não é bom: quando os protagonistas são atacados pela primeira vez, deveríamos temer pela vidas dos personagens, mas a reação dos atores é tão sem nexo que fica difícil se importar com os perigos que eles enfrentam na trama. A dupla parece estar desconectada totalmente das criaturas que os cercam e atuam em uma rotação muito diferente da que o filme tenta mostrar. Entre eles, Adam Driver (História de Um Casamento) é o grande destaque: ele se esforça, pula, sobe em árvores, caí delas, mergulha, mas nada do que ele apresenta consegue dar algum dinamismo a história. Sua companheira de cena, Ariana Greenblatt (Guerra Infinita) até tenta imprimir algum carisma a sua personagem, mas sem sucesso. O roteiro ainda aposta em uma dinâmica familiar que não decola nunca e coloca os sobreviventes da história para falarem idiomas diferentes, algo que só atrapalha ainda mais a relação entre os personagens e não contribui em nada para o andamento da história ou para a relação entre os personagens.
O filme tem de positivo, algumas tomadas exuberantes e alguns dinossauros que são bem feitos em CGI, que não soam tão artificiais. Alguns animais e ambientes não foram bem finalizados e estão mal inseridos nas cenas, o que causa estranheza. A batalha final, que deveria ser o grande ápice dessa aventura jurássica, até empolga. Mas ela é desenvolvida e encerrada de modo tão rápido que não consegue elevar o patamar do projeto.
65 – Ameaça Pré-Histórica é um filme que poderia ser divertido, assustador e até épico, se seus realizadores não fossem tão inexperientes. Com tantos furos de roteiro e com um investimento baixo para os efeitos visuais, nem o Adam Driver mais inspirado conseguiria salvar essa produção da extinção (onde estiver escrito extinção, leia: completo fracasso).
