sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | A Baleia

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O diretor Darren Aronovsky geralmente busca incomodar seu telespectador em duas obras cinematográficas. Abordando diversos assuntos ligados ao limite do ser humano, não se distanciando de um tom mais pessimista/realista quanto ao destino de seus personagens. São passagens parecidas em obras como O Lutador e a constante luta por algo que já acabou ou se perdeu com o tempo, a obsessão pela perfeição em Cisne Negro ou até a hipnotizante loucura do vício em drogas de Réquiem para um Sonho. Em sua filmografia, existem diversos pontos positivos para se tirar quanto a narrativa visual, criatividade da produção, fotografia, trilha sonora e atuações. Em seu mais novo projeto, A Baleia, o cineasta de maneira mais contida e simples nos direciona novamente para o impacto da jornada pela redenção.

O Longa-metragem é baseado na peça homônima do dramaturgo Samuel D. e traz a história de Charlie, um professor de inglês interpretado por Brendan Fraser, que após a morte de seu namorado, engordou mais de 200 quilos. Assim, durante o período de luto, ele tenta se reconciliar com sua filha adolescente Ellie, personagem de Sadie Sink, que perdeu o contato com o pai depois de descobrir seu relacionamento com outro homem.

Com certeza o maior acerto do filme é em relação ao seu protagonista, Fraser por meio da gentileza de seu personagem (muito em conta da característica mais marcante do ator) acaba que de maneira natural atinge o público por meio de suas expressões, reações e olhares à diversas situações quanto seu arrependimento e busca por se tornar uma pessoa melhor. É um arco já bastante conhecido, mas funciona na maior parte por conta da atuação bastante focada na emoção.

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O choque da obesidade é algo já apresentado nos trailers do filme, de maneira impressionante acompanhamos a mistura do esforço do ator em viver o papel (o ganho de quilos), maquiagem e CGI para ajudar com o realismo e a grandiosidade da condição mórbida do personagem. É evidente que isso pode soar um tanto apelativo ou exagerado para diversas pessoas, pois estamos constantemente vendo ele tendo dificuldade de locomover e respirar, fora os diversos momentos de consumo excessivo de comida apresentados ao longo do filme. Mas a abordagem acaba que se revelando a mais dura realidade em sua essência, muito comum em outros obras do diretor, citadas anteriormente. É uma espécie de evidência visual de sua intensa e inevitável degradação, tanto psicológica quanto corporal.

Por outro lado, por se tratar de uma narrativa mais simples, sem grandes mudanças de ambiente, com uma abordagem mais teatral. A obra passa a sensação de ser limitada, mas não no sentido técnico ou quanto à produção, mas em relação a seu aproveitamento do ambiente e relações, isso fica evidente nas poucas cenas envolvendo outros cômodos da casa, temos apenas alguns deslumbres do quanto alguns ambientes podem abrir uma memória mais forte ou importante para o filme.

Mesmo que surpreendentemente aborde logo em seu início quanto a sexualidade de Charlie, desde a perda do amado, abstinência sexual, relações passadas, etc. Algumas subtramas se revelam pouco úteis quanto sua proposta, por exemplo, o personagem Thomas, um missionário que é inserido logo no início da história. Apresenta um questionamento quanto a fé de Charles e o impacto da religião em sua vida, ao final das contas se revela uma resolução fraca e sem grande impacto para a composição final da história.

De todo modo, existe uma relação de destaque, Charlie e sua amiga Liz, a abordagem mais curta e grossa entre os dois funciona de maneira ótima durante o filme. São momentos que partem desde a inevitável morte devido à obesidade, mas também momentos de leveza e piadas, tendo uma liberdade maior em meio tanta tristeza e sufocamento do personagem. São as constantes batalhas entre os dois, de maneira amorosa e solidária, que encorpam melhor onde o filme acaba errando. As diversas falas de Liz em urgentemente levar Charlie para o hospital, mas os inúmeros “não” do mesmo. Uma luta por redenção mascarada com uma situação extrema de saúde.

E mesmo que a obra não atinja o potencial buscado, seu final traz um tom catártico para a jornada de Charlie, talvez o melhor momento entre pai e filha apresentado durante o filme. É uma abordagem que representa o real valor do amor. A Baleia busca essa constante luta do personagem pela redenção e a iminente morte, funciona em sua maioria devido à ótima atuação de Fraser, tornando justificável sua indicação. Por mais que alguns momentos pareça perdida ou com dificuldade de trabalhar seus assuntos, o filme traz uma jornada interessante de amor e perdão. E levante a mão quem não tem vontade de rever esse ator tão querido novamente em uma tela de cinema.

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