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    Crítica | A Escada

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    Estreou na última quinta-feira (5), A Escada, a nova minissérie de True Crime, produção original do serviço de streaming HBO Max, que traz a história real de Michael Peterson, romancista condenado pela morte de sua esposa Kathleen Peterson. Michael alegou que a esposa havia caído da escada, que já a havia encontrado quase sem vida aos pés da escada, mas não convenceu o julgamento da perícia. Toda a repercussão do ocorrido fez com que o caso ganhasse um documentário e adaptações na televisão, e agora, 21 anos depois, uma minissérie que remonta a todo o caso minuciosamente.

    Por se tratar de um caso real, a série se torna ainda mais intrigante. Todos os pequenos detalhes relatados em depoimentos e no tribunal, foram inseridos de forma fiel na adaptação, desde diálogos e acontecimentos relevantes para o caso, até pequenos detalhes como a cenografia, objetos utilizados e similares.

    HBO MAX/ DIvulgação

    Colin Firth, que interpreta o acusado Michael Peterson, consegue cativar o espectador de forma a realmente penetrar os sentidos e emoções e fazer com que em diversos momentos nos questionemos sobre a possibilidade de inocência do personagem – e em outros também sobre sua sanidade mental. Além de Firth, Sophie Turner, Odessa Young, Dane DeHaan, Rosemary DeWitt e Patrick Schwarzenegger, tem papel fundamental interpretando os filhos de Kathleen e Michael – não necessariamente dos dois – e arrasam na atuação criando vínculos na fase do luto que nem todo ator tem capacidade para criar.

    Nos 3 primeiros episódios já disponíveis na plataforma, o foco fica muito evidente a partir do 2º episódio. Durante uma revista para encontrar provas na casa onde moravam Michael e Kathleen, o computador foi confiscado. Neles havia diversos conteúdos de caráter homoerótico e e-mails trocados entre Michael e outros homens. A partir disso, as investigações, sobretudo a argumentação da promotoria, giram em torno da possibilidade de Kathleen ter descoberto a vida sexual secreta de seu marido, e durante uma briga, ele a teria matado.

    HBO MAX/ Divulgação

    A questão da sexualidade de Michael, que após seus segredos virem à tona se assumiu abertamente como bissexual, também é fundamental aqui, não apenas pelo desfecho do caso, mas também enquanto série como mais um dos criados de vínculo e empatia com o possível assassino, que é arrancado do armário, e em pleno ano de 2001, quando o tema do que estaria fora da heteronormatividade ainda era tratado de forma tão dura e cruel (casamentos homossexuais ainda não eram legalizados, e em grande parte do mundo a homossexualidade ainda era tratada como uma doença). 

    Assim como a média das produções originais da HBO, é precisa – dos enquadramentos às escolhas de cores, iluminação e componentes da cenografia – ao compor uma sensação pacata que realmente faz o público acreditar na hipótese do acidente da escada.

    Tais elementos tão convincentes nessa atmosfera podem até levar o espectador que não tem conhecimento do desfecho do caso real se questione o tempo todo sobre o que realmente aconteceu naquela noite de 9 de dezembro – ambiguidade que eleva ainda mais uma ótima série criminal.

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