A Fonte da Juventude acompanha dois irmãos distantes que se juntam para realizar um assalto global a fim de encontrar a mitológica e lendária Fonte da Juventude. Ao embarcar nessa aventura repleta de perigos e obstáculos, os irmãos buscam trazer justiça e reconhecimento para seu pai que, por muito tempo, procurou pela fonte.
Essa sinopse, aliada ao fato de que o projeto conta com a direção de Guy Ritchie (Magnatas do Crime) e os protagonistas são vividos por John Krasinski (The Office) e Natalie Portman (Cisne Negro) deveriam ser bons indicadores de que veríamos um bom filme lançado pela Apple TV+? SIM. O que vemos é bom? NÃO!!! A produção é frustrante do início ao fim e decepciona aqueles que querem ver uma aventura familiar que entretenha.

Logo na sua primeira cena vemos que o diretor sabe filmar suas cenas. Ritchie usa plano sequência, ângulos diferenciados para gravar a cena de fuga e dá tempo para que seu protagonista brilhe esbanjando carisma, mas é inegável que falta tempero na cena de abertura (e em todo o filme). Não existe urgência nas cenas de ação e as situações se desenrolam de modo protocolar, qualquer pessoa que já tenha visto algum filme do gênero, vê a quilômetros de distância quem é quem na trama e onde essa aventura irá desaguar, o que acaba sendo decepcionante, em especial pelo currículo do diretor que é conhecido por criar obras intricadas e que divertem bastante.
O roteiro de James Vanderbilt (Pânico 5) está repleto de clichês do gênero. Vanderbilt não consegue desenvolver um arco, motivação ou personalidade para nenhum dos vários personagens da história. Todos são apenas arquétipos típicos do gênero. Temos o mocinho fanfarrão de bom coração, a mulher misteriosa, o personagem que esconde segredos obscuros… O talentoso elenco está repleto de atores desperdiçados, sem função narrativa e que são prejudicados pelo pobre texto criado. Por fim, as situações criadas para a história, até fazem sentido e se conectam bem, mas não são convidativas e nem dão tempo para que o espectador entenda elas e tire alguma conclusão. Os mistérios surgem e são resolvidos de modo hábil com a santa ajuda do roteiro, para que a trama se desenvolva. Se os personagens centrais se comunicassem bem ou por cinco minutos, nem filme teríamos. Mas como a comunicação deles não é o forte, somos levados a acompanhar uma desventura de 120 minutos que falha em entreter.

Os efeitos visuais variam entre bons e os corretos, as cenas de ação são protocolares e não existe nenhuma delas extremamente marcante ou que empolgue. Quem salva o filme então? Parte do elenco. Krasinski empresta seu carisma para que essa produção não seja a pior do ano. Seu personagem é um mimado com ideias e mesmo assim ele é o melhor em cena. Portman faz o feijão com arroz e não parece estar a vontade. Eiza González (Ash – Planeta Parasita) surge aqui e ali na história, e sua química com Krasinski é muito boa, pena que são poucas cenas entre os dois. Por fim, como já foi dito, atores como Domhnall Gleeson (Questão de Tempo) e Stanley Tucci (Conclave) estão no filme e são desperdiçados em papéis irrelevantes.
No fim das contas, A Fonte da Juventude comete (muitos) erros e tem (poucos) acertos. A produção da Apple TV+ surge como uma verdadeira farofa de referências a produções como Indiana Jones e A Lenda do Tesouro Perdido. Mas para nosso Azar essa farofa é servida fria e sem nenhum tempero, o que acaba sendo indigesto.