É difícil começar analisando algo tão desinteressante e completamente esquecível. Os problemas começam quando o maior acerto do filme é não ser tão terrível como seu anterior, porém trabalha essa fórmula fraquíssima de construir grande parte de seu terror. São sequências de sustos e mais sustos totalmente genéricas, é uma tendência do atual mercado e que infelizmente se mostra funcional, apesar das críticas. Em 1956, na França, um padre é assassinado e parece que um mal está se espalhando. Determinada a deter o maligno, irmã Irene é mandada pela Igreja católica para deter novamente a entidade. Ao longo do caminho ela irá encontrar antigos aliados e segredos familiares que jamais imaginou.
A franquia “Invocação do Mal” tem diversas tentativas de Spin offs durante esses anos, são exemplos de qualidade questionável que passam desde a trilogia Annabelle, A Maldição da Chorona, até o anterior dessa nova produção: A freira. Personagem apresentada na franquia principal e com uma já intenção para ter um filme separado. É uma medida já manjada em universos de exemplo da Marvel, mas ainda se é de estranhar tamanha cafajestice ao se utilizar dessa artimanha num gênero tão querido pro cinema como é o terror.
O longa funciona justamente nessa técnica de sustos baratos e uma construção de tensão pra lá de asquerosa. Isso tudo porque o filme se agarra muito em construir uma cena, você sabe exatamente o que vai acontecer, e pronto, um susto que o filme entrega totalmente calculado pelo som aumentado e o demônio pulando na tela. É algo tão ultrapassado e irritante, são dezenas de cenas usando esse artificio repetitivo. Eu poderia estar falando de qualquer filme genérico de terror, mas estou descrevendo A Freira 2. São tantas repetições que acabam transformando esse monstro, a freira, é um bicho apenas irritante e esquecível. O filme apenas trabalha ela em sustos repetitivos- com esse pulo absurdo no telespectador, trazendo a forma mais fácil e patética de querer amedrontar as pessoas. E a mesma sempre encarando alguém no escuro na exata posição, parecendo até um holograma! Chega a ser cômico.
E é triste imaginar que até existe um pingo de criatividade. Em cenas como uma garota aterrorizada encarando um vitral de igreja, onde existe a figura de uma cabra com um olho vermelho, e justamente de uma brincadeira infantil ela acredita fielmente que se desviar o olhar do ser iluminado, ele irá aparecer. Ou outra cena envolvendo a aparição da freira mediante as páginas das revistas de uma banca de jornal, é criativo, mas o filme constrói toda essa tensão justamente resultando o susto idiota e alto.
E mesmo com atores carismáticos como Taissa Farmiga e Jonas Bloquet, que trazem um certo alívio do genérico e falta de talento, o longa tem uma linha de investigação muito bagunçada. Ele trabalha os assassinatos como uma espécie de indicador para o real local onde a freira demoníaca realmente busca, mas não traz nenhum sentido ao trabalhar cenas e mais cenas dela puramente matando pessoas aleatórias. Sim, ela é um ser maligno, mas não existe o objetivo principal aqui? Porque perder tempo nessa matança, sendo que o real objetivo irá trazer aquele poder desejado pelo monstro. Em suas sequências finais ele até traz uma abordagem parecida com “O Exorcista do Papa”- onde traz essa fantasia gráfica na luta contra o demônio, usando esse dilema da fé de uma das personagens (bem mal feito) para literalmente usar o ambiente em que estão para eliminar o ser maligno. Mas são apenas resquícios de uma criatividade pouco usada nesse modelo de produção atual.
No final das contas, A Freira 2 é tudo aquilo que vem sendo criticado no terror moderno feito pelos grandes estúdios, esse uso da escuridão excessiva e sustos baratos para tentar entregar algo entre o ruim e medíocre. Por todo esse processo de construção da franquia “Invocação do Mal”- vira até piada no meio do filme ao aparecer um Homem- Bode, já imaginando um Spin- off do mesmo no futuro próximo. Mais um terror esquecível lotado de pessoas voando nas paredes, cruzes invertidas e quase duas horas de duração.