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    Crítica – A Garota Dinamarquesa

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    [s3r star=4.5/5]

    Em pleno século XXI, achamos que não é mais possível descrever uma história de amor que surpreenda e principalmente, que agrade o público. Mais difícil ainda é produzir toda uma trama baseada em um relacionamento amoroso, que irá agradar não apenas os apaixonados por romance, mas qualquer um que assista.

    Baseado em uma história real, o filme A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl, em inglês) conta a história da pintora dinamarquesa Lili Elbe, nascida Einar Mogens Wegener, e seu complicado processo para encontrar sua real identidade. A história se passa na Dinamarca dos anos 20 e começa quando a esposa de Einar, Gerda Wegener, pede ao marido que pose para uma de suas pinturas quando sua amiga Ulla não pode comparecer.  Einar começa a se sentir confortável com os trajes femininos e descobre dentro de si, um lado que há muito estava adormecido.

    A Garota Dinamarquesa é baseado no livro homônimo de David Ebershoff e mostra a história de amor real entre Lili Elbe (Eddie Redmayne de “A Teoria de Tudo”) e Gerda Gottlieb (Alicia Vikander de “O Agente da U.N.C.L.E”). Lili foi obrigada a viver como Einar Wegener desde seu nascimento, em 1930, época em que esse tipo de comportamento era encaminhado a médicos e psiquiatras. Até conseguir sua cirurgia, Einar foi exposto a tratamentos de radiação e tortura psicológica por parte de doutores que acreditavam poder corrigir o problema. Através do apoio de sua esposa e de seu melhor amigo de infância,Hans Axgil (Matthias Schoenaerts), que Lili conseguiu ser uma das primeiras mulheres a passar por uma cirurgia de transgenitalização, após conseguir o também apoio de um médico alemão, Warnekros (Sebastian Koch de “Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer”).

    Depois de assistir o filme dedicado a vida de Stephen Hawking, espera-se uma grande atuação de Redmayne e é exatamente isso que o britânico nos oferece. Eddie vive o papel de maneira magnífica e merece ser aplaudido de pé! O ator não demonstra nenhuma dificuldade em mais uma vez interpretar um personagem difícil de se interpretar, que diverge do típico papel masculino em um filme de romance e nesse filme, um personagem que se transforma diversas vezes com o decorrer da trama e que oscila entre o delicado de uma mulher e a postura masculina da época. Além disso, o ator dá vida a uma mulher transgênera nos anos 30 e a mudança na personalidade, aparência, voz, figurinos e trejeitos do protagonista são frequentes em toda a produção. Eddie Redmayne conseguiu mais uma vez desempenhar com maestria o papel delicado e central do drama. Apesar de estar concorrendo com grandes nomes, a indicação ao Oscar de Melhor Ator é mais do que compreendida nesse filme. E agora, não sei dizer quem leva a estatueta, pois Di Caprio (O Regresso) também foi fenomenal.

    Outro ponto alto do filme é a atuação de Alicia Vikander como Gerda Wegener, já que não apenas a transformação de Einar em Lili é importante, mas também o romance que se desenvolve entre os dois. A jovem é obrigada a observar seu marido se afastar cada vez mais e mesmo assim não desiste de lutar por ele. Diferentemente do esperado, Gerda fica o tempo todo do lado de Einar e o auxilia em sua transformação em Lili, por mais difícil que seja. Também indicada ao Oscar, de Melhor Atriz Coadjuvante, ao lado de outros grandes nomes do cinema, Vikander honra sua indicação com uma interpretação incrível e emocionante de sua personagem.

    O retrato dessa história sensacional, baseada em fatos, tem lá seus acertos e seus erros. Se por um lado A Garota Dinamarquesa é um estrondoso espetáculo visual e técnico, o retrato em si tenta imitar sensibilidade, mas não consegue ir além da pretensão de ser importante e atual, o que nem em tudo condiz com ser um trabalho sensível e recheado de emoção. Limitado demais para ser considerado profundo, ou minimalista. A jornada de Lili em busca do reconhecimento feminino e da sua transformação sexual não sai do próprio quintal, de forma com que os obstáculos adentro essa jornada sejam explorados de maneira bastante superficial, rarefeita, sem dar a dimensão necessária do caso ao espectador. Não é um retrato completo.

    A Garota Dinamarquesa pode não ter sido o filme com mais indicações pela academia (além das duas já citadas, concorre também por Melhor Figurino e Melhor Design de Produção), mas com certeza merece ser visto, pensado, interpretado e então visto novamente. Com direção de Tom Hooper (vencedor do Oscar por O Discurso do Rei) em pareceria com a Universal Pictures, o filme tem uma história bonita, emocionante e principalmente real, o que nos leva a pensar que pessoas realmente viveram tudo aquilo que hoje assistimos em uma tela de cinema. Eddie Redmayne e Alicia Vikander merecem todos os créditos possíveis pelo destaque a obra obteve, pois dão vida a personagens complicados e que prendem o público do início ao fim. A moral transmitida com o enredo, nos mostra que desde os primórdios o preconceito contra pessoas transgêneras existia e Lili Elbe foi uma das primeiras a ter seu grande desejo atendido.

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