De fato, não se encontram muitas histórias que misturem religião com filosofia de maneira tão única como “A louca do sagrado coração”. O livro é do diretor Alejandro Jodorowsky e desenhista Moebius. A obra busca falar sobre os conflitos emocionais, afetivos e psico – religiosos de diversos personagens envolvidos na trama.
Já de início vale lembrar que a obra é proibida para menores de 18 anos, por abordar temas de cunho sexual e violência explícita.
Tudo começa quando um importante professor de filosofia, Alain Mangel, da consagrada universidade francesa Sorbbone vira tema central de várias indignações provenientes dos alunos, por abordar religião em suas aulas. Sendo perseguido por uma pseudo seita religiosa, Mangel se encontra na linha tênue entre a racionalidade e suas crenças pessoais, revelando seu caráter altamente manipulável.
Desde o começo, notei o Mangel como um personagem “à deriva”, de maneira bem sutil. Apesar de ser o protagonista, seus passos e sua força de vontade é ditada por Elizabeth, participante da seita religiosa. Elizabeth tem uma personalidade forte e determinada, mas sem se expor muito, fazendo com que o equilíbrio entre os dois seja ideal para o andamento da obra como um todo.
Gostaria de destacar também a maneira como a tradução brasileira foi realizada pela editora Veneta. A editora optou por manter trechos em seu idioma original (com a tradução no rodapé), o que causou um clima muito mais interessante, por se tratarem de momentos que aguçam a criatividade do leitor.
Em geral, posso afirmar que é uma história que envolve muitos mistérios, questionamentos filosóficos e dá brecha para a exploração do inconsciente humano. Muito bem trabalhada, sua estética trabalha em harmonia com seu conteúdo, criando o perfeito ambiente para leitores explorarem suas psiquês.
Autores: Alejandro Jodorowsky e Moebius
Tradução: Letícia de Castro e Rogério de Campos
Editora: Veneta
Páginas: 198
Preço: R$ 89,90