sáb, 16 agosto 2025

Crítica | A Mulher da Casa Abandonada

Publicidade

A série nacional A Mulher da Casa Abandonada tem uma proposta desafiadora: revisitar um caso real que já havia ganhado notoriedade com o podcast de Chico Felitti, agora com o peso visual e narrativo de uma produção documental. Mas ao longo dos três episódios, fica evidente uma certa falta de equilíbrio na forma como a história é conduzida pela diretora Kátia Lund.

A produção mergulha fundo nos relatos de Hilda Rosa dos Santos, a vítima que viveu por quase duas décadas em situação análoga à escravidão nos Estados Unidos. Ela ganha espaço, voz e protagonismo — o que é importante e necessário, sem dúvida. Só que essa escolha acaba deixando outras partes da história meio apagadas.

A figura de Margarida Bonetti, que é central para o caso, aparece quase como uma sombra. A série não se dedica a explorar quem ela é de fato, nem tenta entender o que a levou a esse ponto. Não há esforço para reconstruir sua trajetória, nem mesmo para situar o espectador no tempo — o que é curioso, já que o caso se estende por décadas e envolve diferentes países, contextos sociais e jurídicos. A ausência de uma linha temporal clara faz com que tudo pareça meio solto, como se os eventos tivessem acontecido num vácuo.

Publicidade

Além disso, há uma sensação de que a série se apoia demais no impacto emocional dos depoimentos, sem costurar bem os elementos que dariam mais profundidade à narrativa. A casa em ruínas, os vizinhos curiosos, o mistério da máscara de creme — tudo isso é visualmente forte, mas não é suficiente para sustentar uma história que pede mais densidade. Fica a impressão de que o documentário quis evitar o sensacionalismo, o que é louvável, mas acabou pecando pela superficialidade em alguns pontos.

E o problema se agrava quando lembramos que nem todo mundo ouviu o podcast. Para quem chega à história pela primeira vez através da série, a narrativa parece incompleta, como se estivesse sempre fazendo referência a algo que o espectador não tem acesso.

Essa dependência do material anterior cria uma barreira. Ao invés de ser uma obra autônoma, que se sustenta por si só, a série parece exigir que o público já tenha uma bagagem prévia. E isso compromete a força do documentário como produto independente. O resultado é uma experiência que, ao invés de ampliar o entendimento sobre o caso, acaba limitando o alcance da história.

Publicidade

No fim das contas, o que poderia ser uma investigação multifacetada sobre identidade, privilégio, impunidade e memória, acaba se tornando uma narrativa um tanto desequilibrada. A série emociona, sim, mas não entrega o mergulho completo que o caso merecia.

Publicidade

Publicidade

Destaque

Crítica | A Última Missão

Em A Última Missão, uma coleta de dinheiro de...

Interstellar de volta aos cinemas: pré-venda começa hoje (14)

A Warner Bros. Pictures Brasil anuncia o retorno do...

Superman | Warner Bros. revela 10 minutos iniciais do filme; Assista!

Para celebrar o lançamento de Superman nos streaming dos...

Vingadores: Doomsday | Ryan Reynolds está no elenco do novo filme dos Vingadores; Confira!

Segundo informações do THR, Ryan Reynolds fará uma participação...
A série nacional A Mulher da Casa Abandonada tem uma proposta desafiadora: revisitar um caso real que já havia ganhado notoriedade com o podcast de Chico Felitti, agora com o peso visual e narrativo de uma produção documental. Mas ao longo dos três episódios,...Crítica | A Mulher da Casa Abandonada