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Início Críticas Crítica | A Mulher Rei

    Crítica | A Mulher Rei

    Sony Pictures/ Divulgação
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    O surgimento de A Mulher Rei já estabelece seu sucesso: elenco interessante, história pouco explorada no cinema, é um tema que chama a atenção nos dias de hoje, independente se o filme vai ser bom ou ruim. O longa Pantera Negra nos apresentou o exército wakandano Dora Milaje, uma tropa de elite formada apenas por mulheres. Mas na verdade, a verdadeira história que inspirou a criação das Dora são as Agojie, do Reino de Daomé (atual Benin) no qual eram a força militar mais poderosa da África. A proposta do novo filme da Sony é ser um épico histórico, voltado para a história “real” dessas guerreiras, mas ele se aproxima mais de um épico de ação.

    A história memorável da Agojie, uma unidade de guerreiras composta apenas por mulheres que protegiam o reino africano de Dahomey nos anos 1800, com habilidades e uma força diferentes de tudo já visto. O filme acompanha a emocionante jornada épica da General Nanisca enquanto ela treina uma nova geração de recrutas e as prepara para a batalha contra um inimigo determinado a destruir o modo de vida delas.

    Nanisca (Viola Davis) in TriStar Pictures’ THE WOMAN KING.

    É uma obra com o conhecimento do material em mãos, uma grande celebração da negritude feminina, focando na ação e drama para construir sua narrativa impactante, apesar de deixar de lado importantes passagens do período histórico representado. Esquecer contextos, omissões de fatos importantes na história dessa tribo, ainda mais com o marketing do filme ser o “inspirado em uma história real”. É uma trama que funciona muito no valor de entretenimento, mas separar a história basicamente do “bem” contra o “mal” (aqui representado pela tribo rival Oió), é uma passada de pano e descaracterização importante para o Reino de Daomé, um contexto histórico muito diferente do que realmente aconteceu.

    Outro ponto histórico ruim perceptível é o surgimento de brasileiros na trama, e por incrível que pareça a produção se utiliza de americanos imitando brasileiros, algo totalmente bizarro nos dias de hoje, ainda mais com o leque de ótimos atores brasileiros que poderiam estar ali representando a língua portuguesa. É uma sensação estranha e até cômica ouvir essa tentativa de português nativo, gerando momentos de vergonha alheia ao ouvir “ Tá de brincadeira?!” pela boca de um americano fingindo ser brasileiro.

    Entrando na força principal do filme: o elenco, é um grande acerto durante toda a jornada proposta. A fisicalidade, a caracterização das personagens é o ponto alto do filme, é tudo muito impressionante e ajuda na vinculação da trama. A construção dos conflitos e relações entre as personagens são o ponto chave da conexão do filme com o telespectador até o final. O trabalho da Viola Davis, Thuso Mbedu e Lashana Lynch são soberbos, desde o impacto de cada uma para o exército, até os conselhos e lições que passam entre elas, trazendo muito sentimento para cada personagem. Trabalho impecável que é passado também para os figurinos, cenários e trilha sonora, tudo muito convincente para o período histórico representado.

    Já em questão de outro ponto mais explorado pelo filme: a ação, ela funciona e claramente traz bastante entretenimento durante o filme inteiro, mas é visível a limitação PG-13 nas cenas de luta, provocando uma limitação no combate e violência das guerreiras Agojie. A diretora Gina Prince-Bythewood traz as ações violentas na tela, mas obviamente sugestivo pelo som ou gesto de combate, talvez se existisse uma liberdade maior na classificação do filme, poderíamos ter um impacto maior de sua representação em combate, uma imposição claro do estúdio. Além disso, as cenas de luta são bastante simples, algumas beirando o genérico, faltou uma criatividade maior, ainda mais em tempos de filmes como John Wick e Atômica.

    No final das contas, A Mulher Rei traz um sensação positiva, a vinculação com as personagens é alcançada, o baita trabalho de atuação ajuda a trazer muita torcida para a jornada dessa guerreiras. Para os mais chatos, a curva histórica escolhida e a preguiça perceptível em alguns pontos citados anteriormente podem atrapalhar do entretenimento bem utilizado no filme. É uma boa obra e vai causar um impacto interessante devido todo seu contexto de produção.

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