A Perfect Love Story: Where Nothing Goes Wrong Or Does It..? (2021), longa-metragem dramático Bósnio e Hezergovino, estreia, oficialmente, nas plataformas digitais brasileiras, a partir do dia 09 de dezembro de 2024, com 80 minutos de duração, dirigido por Emina Kunjundžić.
O extenso título da estreia de Emina Kujundžić na direção encapsula perfeitamente o filme. Aparentemente, a diretora desejava compartilhar suas próprias percepções sobre o amor, desafiando os preconceitos românticos comuns no mundo moderno e interconectado. O longa começa de forma um tanto metanarrativa: uma cineasta, interpretada por Sadžida Tulić, está em uma reunião com um importante produtor, vivido por Srđan Vuletić, e ela o filma dando feedback sobre o roteiro. De maneira um tanto misógina, ele critica o roteiro por ser muito curto e focado em “detalhes femininos” típicos, como as cores das roupas, móveis e adereços, alegando que falta substância real ou informações sobre quem são os personagens e o que eles realmente representam.
Na cena seguinte, ela reclama sobre isso para seu parceiro (Luka Marjanović), que fica um pouco do lado do produtor, já que ele não sabe muito sobre o projeto. O resto do filme de Kujundžić é basicamente o filme que a diretora tenta fazer. Uma mulher de Sarajevo, cujo nome não é revelado (Enisa Njemčević), vive com seu namorado francês (Victor Bessière) em um relacionamento que parece ser harmonioso. Durante a madrugada, eles acordam, carregam o carro e partem em uma viagem pela Herzegovina, rumo ao mar.
A estação de rádio que eles ouvem está repleta de alertas sobre um ousado assalto a banco, no qual eles podem estar envolvidos. O que é certo é que possuem uma grande quantia de dinheiro. No entanto, esta não é uma viagem tranquila, pois nossos protagonistas se afastam cada vez mais devido às suas diferenças de personalidade e atitudes: enquanto os desejos dele são simples, os dela são ambiciosos e, por vezes, radicais.
Em um ponto intermediário do filme, Kujundžić retorna ao nível metanarrativo, introduzindo duas produtoras estrangeiras, divas (Lana Ball e Emma Jaay), que estão mais interessadas em discutir quem observa quem no mundo do cinema do que no próprio processo de produção cinematográfica.
Isso é claramente uma crítica, assim como os cortes frenéticos nas cenas que a diretora compartilha com seu parceiro. À medida que o “enredo” do filme avança, tanto os personagens principais quanto os secundários começam a falar em suas próprias línguas, e todos se compreendem. Com o tempo, torna-se evidente que o filme não trata tanto do amor, mas sim da produção cinematográfica autêntica e das dificuldades de ambos em um mundo essencialmente cínico.
Apesar de seu cinismo, esse mundo ainda possui uma beleza superficial, evidenciada pela cinematografia de Almir Đikoli, que captura as pequenas maravilhas da vida de maneira natural, e pela trilha sonora inspirada e eclética de Sloven Anzulović. O elenco, composto principalmente por atores menos conhecidos e não profissionais, se encaixa perfeitamente, transformando o filme em um experimento sincero de produção cinematográfica, ao invés de uma narrativa convencional de amor ou qualquer outro tema.
Em resumo, A Perfect Love Story: Where Nothing Goes Wrong or Does It..? é um filme imperdível para o público que aprecia metalinguagem e adora se deliciar com as ambientações de outros países. A obra celebra o amor e a arte, em uma jornada em busca de significado e conexão.