Desde as comédias romanas de Plauto, existe um interesse em explorar o mal entendido enquanto fator cômico na dramaturgia. Um interesse em trazer leveza para a tragédia que pode muitas vezes se tornar irresistivelmente divertido de se observar. Partindo dessa base, A Teoria dos Vidros Quebrados de Diego Fernández busca explorar esse conceito da comédia de erros incorporando pitadas de mistério na tentativa de extrair uma experiência interessante.
Acompanhamos Cláudio, um corretor de seguros recém transferido para uma pequena cidade na fronteira argentina. Cláudio vive um momento de grande expectativa em sua carreira e vida pessoal, sente que este é um momento de oportunidades de crescimento até que uma série de incidentes envolvendo carros incendiados leva a discórdia para sua rotina.
A chegada do protagonista à cidade é representada no longa como uma clássica chegada de forasteiro. É apresentada uma série de personalidades que povoam a cidade e todos vêem com desconfiança a presença de novo elemento estranho em suas vidas. Um dos fatores que melhor funciona no filme é justamente a tensão implementada na primeira metade de duração e a suspeitas sobre as intenções dessas pessoas que povoam a cidade.
É uma pena, porém, que ao entrar no elemento cômico o filme falha e ser marcante. A direção parece não ter timing e o roteiro não acerta ao explorar a comédia nessa história. Tudo nesse aspecto passa batido e a insistência em algumas sequências próximas ao fim do longa chega a ser entediante.
Mesmo o mistério que ainda possuía algum charme no início vai se perdendo com o passar do tempo, não existe um desenvolvimento bem estruturado e a tentativa de sofisticar esse elemento da história ao introduzir um personagem misterioso (que parece estar na história apenas para explicar o nome do filme) buscando atiçar a curiosidade do espectador acaba sendo falha pois mesmo assim o filme não consegue se manter interessante.
A Teoria dos vidros quebrados é um filme curto e objetivo em sua proposta, contudo existe uma falta de inventividade e de ritmo na sua execução que atrapalha a experiência de ser marcante. Tudo que resta é uma breve e não muito inspirada série de eventos que levam a uma conclusão esquecível.